Te Deum retorna à Catedral Basílica de Salvador e abre o sábado de celebrações pelo 2 de Julho
O tradicional Te Deum, que historicamente marca o início dos festejos pela Independência do Brasil na Bahia, foi celebrado na manhã deste sábado (1º) na Catedral Basílica de Salvador, no Terreiro de Jesus, no Pelourinho. A cerimônia foi presidida pelo Cardeal Dom Sérgio da Rocha ao som do Coral da Irmandade do Senhor do Bonfim, regido pelo Maestro Francisco Rufino, e contou com a presença de autoridades civis e militares.
Para marcar o bicentenário da Independência da Bahia, a missa histórica retornou em 2023 para a Catedral Basílica de Salvador, sede do arcebispo-primaz do Brasil e a mãe de todas as igrejas católicas brasileiras. No ano passado, ele foi realizado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, após dois anos sem a cerimônia por causa da pandemia. O Te Deum, que em latim significa “A Ti, Deus”, é um louvor antigo da Igreja Católica, entoado apenas em ocasiões especiais. Há quase 200 anos, é com essa celebração que se abrem os festejos do 2 de Julho.
Segundo Dom Sérgio da Rocha, o Te Deum reconhece que Deus é o senhor da história. “Por isso, realizamos através dele a homenagem e agradecemos aos personagens históricos que marcaram a Independência do Brasil na Bahia, que deve ser acompanhada dessa atitude de louvor a Deus, de ação de graças porque é Ele quem nos conduz”, explicou.
Ele destacou ainda que personagens da igreja participaram do processo de independência. “A igreja sempre defendeu valores como a liberdade verdadeira, sobretudo frente à opressão. O próprio Te Deum expressa que aquele momento foi vivido com fé, senão não teríamos esse hino já entoado naquele tempo. A catedral é a igreja mãe de toda a arquidiocese e de todo o Brasil, então há um sentido muito grande que, na celebração dos 200 anos da independência, estejamos nos reunindo aqui”.
O presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, também destacou o retorno do Te Deum para a Catedral Basílica de Salvador. “A catedral é, na minha opinião, a igreja mais bonita que a gente tem. Ela está belíssima, foi totalmente restaurada recentemente, passou por uma recuperação maravilhosa e é mais do que justo que o Te Deum retorne à sua casa original”.
Guerreiro também lembrou que o início da celebração ocorreu na noite de sexta-feira (30), com a encenação da Resistência Cabocla na Praça do Campo Grande. “Começamos as celebrações ontem, com o espetáculo do Bando de Teatro Olodum, que foi maravilhoso. Hoje já estamos no Te Deum, depois vamos a Pirajá para a chegada do fogo. E, à noite, tem mais teatro no Campo Grande, algo imperdível”.
O presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Joaci Góes, também esteve presente à celebração. “O Te Deum é importantíssimo, porque o 2 de Julho de 1823 foi a consolidação da Independência do Brasil, que só se deu com a expulsão dos portugueses da Bahia. Se não tivesse acontecido, o Brasil hoje estaria dividido em quatro ou mais diferentes países, tal qual a América Espanhola. Estar na catedral tem um grande significado porque, na minha opinião e de muita gente, é a mais bela catedral existente em todo o continente americano. Este Te Deum é, do ponto de vista espiritual, a culminância das festividades”.
A professora Rose Marie Pezzano, de 73 anos, frequenta a catedral há dois anos e fez questão de participar do Te Deum. “Acho uma importante celebração, por isso temos que agradecer, ter gratidão a Deus. Ter o Te Deum de volta para cá é uma forma de preservar a nossa cultura e a nossa religião, eu acho maravilhoso”, disse.
O Te Deum (A Ti, Deus!) é um hino da Liturgia das Horas, rezado aos domingos e dias solenes. Este hino foi composto por Santo Ambrósio e Santo Agostinho, no ano de 387, em Milão, por ocasião do batismo de Santo Agostinho. Logo na primeira estrofe é proclamado: “A Ti, Deus, louvamos, a Ti, Deus, cantamos. A ti, Eterno Pai, adora toda a terra”.
Programação – Também neste sábado (1º), a partir das 12h, em Simões Filho, acontece o encontro dos Fogos Simbólicos do Recôncavo Oeste e do Recôncavo Norte. Na tarde de sábado acontece, às 16h, a cerimônia cívica da chegada do Fogo Simbólico, no Largo de Pirajá; o hasteamento das bandeiras por autoridades, seguido de execução do Hino Nacional pela Banda de Música da Polícia Militar do Estado da Bahia, e do acendimento da Pira.
A seguir, ocorre a colocação de flores no túmulo do General Labatut pelas autoridades presentes. Às 17h tem a apresentação do Cortejo Afro no palco do Largo da Lapinha. Já às 18h, tem início a Ultramaratona da Independência, no Parque dos Ventos, Boca do Rio. Também às 18h, no palco montado no Farol da Barra, acontece a apresentação da Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha.
As atividades do sábado contemplam ainda uma apresentação do espetáculo A Resistência Cabocla – Homenagem ao Bicentenário da Independência, no palco montado na Praça 2 de Julho, no Campo Grande, em dois horários: das 17h às 18h30, e das 19h às 20h30.
Data magna – No domingo (2), a manhã inicia com a alvorada com queima de fogos no palco armado no Largo da Lapinha, às 6h. Às 7h terá início o cortejo cívico da Lapinha, seguido de cerimônia cívica contendo o hasteamento de bandeiras por autoridades, nova execução do Hino Nacional, desta vez pela banda de música da Marinha do Brasil. Às 8h10 acontece a colocação de flores no monumento ao General Labatut, realizada pelas autoridades presentes. A seguir acontece a entrega dos carros emblemáticos dos caboclos, e a execução do Hino ao 2 de Julho, também pela banda de música da Marinha.
Às 9h, tem início o cortejo cívico do 2 de Julho, com a participação do Museu Vivo na Cidade, Caboclos de Itaparica, fanfarras municipais e estaduais, grupos populares e concurso de fachadas decoradas no percurso do desfile cívico. Em seguida, ocorre a homenagem aos Heróis da Independência, com uma breve parada em frente ao Convento da Soledade.
A seguir, acontece a homenagem da Ordem Terceira do Carmo, nova parada em frente a Ordem, para pronunciamento de um membro da Instituição. Mais adiante, uma nova homenagem, desta vez à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, com breve parada em frente à Igreja. Para fechar a manhã, ocorre o recolhimento dos carros emblemáticos dos caboclos nos caramanchões da Praça Thomé de Souza.
Ainda no domingo (2), a partir das 14h, tem início o cortejo da Avenida Sete de Setembro, com uma breve parada em frente ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Às 14h30 começa o Concurso de Fanfarras e Balizas, na Avenida Sete. A partir das 15h haverá uma cerimônia cívica no 2º Distrito Naval.
Às 16h30, a cerimônia acontece no Largo do Campo Grande, seguida da chegada dos carros dos caboclos, hasteamento das bandeiras por autoridades, execução do Hino Nacional pelas bandas de música da Marinha, Exército e Aeronáutica, deposição de coroas de flores no Monumento ao 2 de Julho pelas autoridades presentes, com o posterior acendimento da Pira do Fogo Simbólico pela nadadora paratleta Verônica Almeida. Ao final acontece a execução do Hino ao 2 de Julho pelo Coral da PM-BA, com acompanhamento da Banda de Música Wanderley, da Polícia Militar.
Filarmônicas – No fim da tarde de domingo, no Campo Grande, ocorre o tradicional Encontro de Filarmônicas. Comandado pelo maestro Fred Dantas, o evento ocorre a partir das 17h30, e terá a participação das filarmônicas da Guarda Municipal, João Mendes (Canarana), Lyra dos Artistas (Santo Amaro), Ferroviários Bonfinenses (Senhor do Bonfim), Oficina de Frevos e Dobrados e Bráulio Pimentel (Alagoas).
A partir das 19h, o palco Praça Visconde de Cairu, recebe o Especial Sambaqui, com shows da Baiana System e Lazzo Matumbi, Raquel Reis, Claudia Manzo, Liz Reis, Elivan Conceição, Caboclos de Itaparica, Afrosinfônica e Valdal.
Demais atividades culturais – A celebração do bicentenário da Independência continua na segunda-feira (3), a partir das 17h, com o espetáculo comandado pelo cantor Gerônimo Santana, no palco do Campo Grande. Em seguida, às 19h, começa o Baile da Independência, com a Orquestra do Maestro Fred Dantas e convidados.
Na terça-feira (4), o palco do Campo Grande recebe o espetáculo Amado Caymmi – homenagem a Jorge Amado e Dorival Caymmi, com Alice Caymmi, Márcia Short, Will Carvalho e Elane Fernandes, a partir das 19h.
Na quarta-feira (5), o Teatro Gregório de Mattos (TGM) recebe, a partir das 13h, a IV Jornada do Patrimônio Cultural de Salvador – 200 Anos de Independência. Mais tarde, a partir das 18h, acontece a tradicional Volta da Cabocla, com o retorno dos carros dos caboclos do Campo Grande para o Pavilhão da Lapinha, com a participação da Orquestra do Maestro Reginaldo de Xangô. Às 19h, a banda Ifá e convidados das Nações Congo Angola se apresentam no Palco Lapinha.
Ainda na esteira da celebração do bicentenário da maior festa cívica da Bahia acontece a Festa de Labatut, no final de linha de Pirajá, de 6 a 7 de julho. Ainda na quinta-feira (6), no mesmo local, ocorre a Cruzada Evangélica, a partir das 18h. Já entre os dias 7 e 9, a partir das 19h, o bairro recebe apresentações artísticas e eventos musicais.
O Bando de Teatro Olodum vai fazer uma série de apresentações do espetáculo “A Resistência Cabocla”, com a participação de convidados, no Subúrbio 360, em Coutos. A primeira acontece na sexta-feira (7), às 19h, para o público geral, e depois entre os dias 10 a 14 de julho, às 10h e às 14h, dentro do Projeto Especial Bicentenário nas Escolas, para alunos da rede municipal de ensino.
Está prevista para o dia 25 a entrega do Monumento em Homenagem a Maria Felipa, na Praça Visconde de Cairu, no Comércio, e também o Memorial da Independência, na Lapinha, em data a ser divulgada em breve.
Foto: Otávio Santos / Secom PMS
Reportagem: Ana Virgínia Vilalva / Secom PMS