Série: Por Amor a Vera Cruz (Parte 2)
Cidade de Vera Cruz: origem e significado do nome
No Brasil existem 4 cidades chamadas de Vera Cruz: uma no Estado do Rio Grande do Sul, outra em São Paulo cujo padroeiro é o Sagrado Coração de Jesus, a terceira no Rio Grande do Norte e Vera Cruz na Bahia.
A Cidade de Vera Cruz na Bahia é a única Vera Cruz banhada pelo mar e que leva o nome do seu padroeiro – Nosso Senhor da Vera Cruz.
O nome Vera Cruz é tão importante que Pedro Álvares Cabral deu o nome de Ilha de Vera Cruz para o Brasil em 1500. Isso porque, existe o mito de que a expedição de Pedro Álvares Cabral carregava pedaços de madeiras que seriam da cruz em que Cristo fora crucificado. Por causa disso, muitas terras descobertas naquela época pelos portugueses eram batizadas de Vera Cruz ou Santa Cruz, fazendo referência a religiosidade dos navegadores.
O nome “Vera Cruz” é a denominação dada aos pedaços provenientes da cruz em que Jesus Cristo foi crucificado. A origem do nome Vera Cruz é do latim e significa a expressão – “a verdadeira Cruz”, “a Cruz verdadeira”.
Em 1560 na Ilha de Itaparica na comunidade que hoje recebe o nome de Baiacu, Luís da Grã fundou o povoado com a invocação do Senhor da Vera Cruz, foi a segunda vez que este nome “Vera Cruz” estava sendo utilizado no Brasil. A Igreja foi fundado em 1561 por D. Pedro Leitão, 2º Bispo do Brasil. O bispo chegou até a Igreja carregado pelos índios em uma rede.
Na primeira missa realizada na Igreja do Nosso Senhor da Vera Cruz foram realizados 70 casamentos. Foi a primeira festa realizada pelos portugueses junto com os índios na Ilha de Itaparica.
Em 1563 foi criada na Ilha de Itaparica a primeira freguesia/paróquia tendo a sede onde hoje é a comunidade do Baiacu.
Perto da Igreja do Nosso Senhor da Vera Cruz encontram-se as ruínas do Engenho do Ingá-Açú e da antiga Freguesia de Vera Cruz que naquela época fazia referência a toda a Ilha de Itaparica.
Freguesia era o nome que os portugueses davam para as paróquias, geralmente as freguesias tinham uma estrutura de um bairro, com ruas, mercados, casas e outros serviços – Assim, a Ilha de Itaparica era a Freguesia de Vera Cruz. Segundo Ubaldo Osório, na Freguesia de Vera Cruz no século XVIII, existiam 367 casas e 2.897 habitantes.
Em 1563 a peste das bexigas assola a Freguesia de Vera Cruz e toda a Ilha de Itaparica. A peste das bexigas matou nativos e colonos, com isso, a freguesia vai deixando de ser o povoado central da Ilha.
Anos depois, é fundada em 1831 a povoação do Santíssimo Sacramento de Itaparica, neste período a Freguesia de Vera Cruz já estava abandonada.
Em 31 de Outubro de 1890, A Vila de Itaparica é elevada a categoria de cidade. Itaparica era a mais bela e encantadora cidade da região e seu território abrangia a Ilha de Itaparica, a Ilha de Matarandiba e hoje onde é o município de Salinas da Margarida.
Em 1962 o território da Cidade de Itaparica é desmembrado em três cidades: transformando-se em : Itaparica, Vera Cruz e Salinas da Margarida. A divisão da Cidade de Itaparica em três não agradou muitos políticos da época, no entanto foi a partir desta divisão que nasceu Salinas da Margarida e Vera Cruz.
E como surgiu o nome de Vera Cruz no Mar Grande?
Foi então que, 402 anos depois da criação da Freguesia de Vera Cruz, quando ninguém mais lembrava da Igreja, pois o matagal cresceu por entre as ruínas, restando somente um pequeno vilarejo de pescadores, cujo nome hoje é Baiacu, políticos da época, escolheram colocar o nome do novo município, Vera Cruz, em homenagem à primeira freguesia da Ilha de Itaparica, a primeira vila, a primeira igreja, a primeira máquina a vapor, ao primeiro Engenho de Açúcar e em homenagem ao primeiro Santo católico a ser celebrado da Ilha – Nosso Senhor da Vera Cruz.
E assim, do desprezo e abandono, a pequena freguesia onde tudo começou na Ilha de Itaparica – Freguesia de Vera Cruz, renasce, resgatando o seu nome de origem e sua identidade. E o Mar Grande torna-se Vera Cruz, a cruz verdadeira.
Por: Professor Silvano Sulzart
Fonte:
Livro – Itaparica História e Tradição – Ubaldo Osório
Livro – Docência das Águas – Silvano Sulzart