‘A fome tem cor e gênero em nosso país. É uma tragédia social que não se pode ignorar’, diz Ireuda Silva
A fome no Brasil tem cor e gênero. A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice da Comissão de Reparação, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), já alertou sobre isso diversas vezes, e agora essa realidade é mais uma vez comprovada por uma nova pesquisa divulgada nesta segunda-feira (26). De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (Vigisan), pessoas negras são as mais afetadas pela pobreza e pela fome no país.
Cerca de 1 a cada 5 famílias chefiadas por pessoas pretas ou pardas (17% e 20,6%, respectivamente) passam fome. Em relação a famílias brancas, a proporção cai para 1 a cada 10 (10,6%). No que se refere às famílias chefiadas por mulheres negras, o percentual é ainda maior: 22%, contra 13,5% nas famílias lideradas por mulheres brancas.
“Essa é uma situação estrutural, que infelizmente veio se consolidando ao longo da história. Os negros sempre foram tratados como mera mão de obra e nunca estiveram no topo da tomada de decisões. E as mulheres negras, menos ainda, porque, além do racismo, sofreram com o machismo, que não escolhe cor nem condição social. O avanço das leis, como a Lei Áurea, foi mais rápido que a evolução da sociedade em si, que pouco fez para reparar os estragos causados pela escravidão”, pontua Ireuda.
A republicana chama a atenção para a situação das mulheres negras, que é ainda pior. “É uma tragédia social que não se pode ignorar. Vítimas do racismo e do machismo estrutural, as mulheres negras e suas famílias são as principais vítimas da fome no Brasil. É urgente tirá-las da invisibilidade, seja por justiça social, seja pelo futuro da sociedade. É preciso criar condições para que elas consigam prover o sustento de seus lares”, afirma.
Ascom