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TikTok: o que acontece se o app for banido dos EUA e da Europa?

O aplicativo de rede social mais baixado do mundo está na luta por credibilidade com governos de vários lugares do mundo. Os países que ameaçam banir o TikTok de seus territórios tem como principal motivo a segurança nacional dos dados da população.

A empresa chinesa proprietária do TikTok, ByteDance, nega as acusações de compartilhar as informações coletadas dos dispositivos em que o app é baixado com o governo chinês.

Caso a rede social seja proibida totalmente em um país, como já acontece no Afeganistão e no Irã, o aplicativo e suas atualizações não serão mais disponibilizados para download em lojas de aplicativos.

Consequentemente, o app se tornará obsoleto, abrindo espaço para que redes sociais semelhantes ao TikTok conquistem seus antigos usuários.

Entenda em detalhes por que o possível banimento do TikTok nos EUA e na Europa divide opiniões e pode ser um sinal de censura e xenofobia. Atualmente só nos Estados Unidos o app conta com 150 milhões de usuários ativos.

O que acontece com os dados dos usuários se o TikTok for proibido?

Imaginando que o TikTok perca a batalha judicial em um dos países que cogita a sua proibição, o aplicativo será removido das lojas de aplicativos usados por dispositivos Android e iOS, como o Google Play e Apple Store.

Essa remoção impedirá que novos usuários sejam criados e aqueles que já possuem o app no celular não recebem mais atualizações do software. Essas atualizações são importantes para consertar possíveis bugs no TikTok e proteger sua conta contra ataques maliciosos.

A proibição do TikTok em um país também pode ser feita pelo bloqueio de acesso por meio dos provedores de serviços de Internet, como já aconteceu na Índia em 2020.

Você deve estar se perguntando: mas o que são esses dados que o TikTok coleta do usuário? Como todo aplicativo de mídia social, o TikTok pede uma lista de permissões que você deve aceitar antes de utilizá-lo, como:

  1. Acesso a câmera, microfone, lanterna, conexão Wi-Fi e contatos do dispositivo;
  2. Álbum de fotos, para leitura e gravação;
  3. Interação com a assistente Siri;
  4. Início automático do TikTok caso o aparelho seja reiniciado;
  5. Informar modelo do aparelho onde o app foi instalado;
  6. Endereço IP da Internet;
  7. Localização do usuário por meio de GPS (em que cidade você está);
  8. Instalação e remoção de atalhos;
  9. Atualização em segundo plano;
  10. Leitura e registro de dados no armazenamento do dispositivo;
  11. Rastreamento de dados de outros apps.

Todas essas informações se tornaram valiosas no mercado mundial. Isso mesmo, seus dados pessoais, gostos e preferências tem um preço nas transações das grandes corporações de rede social, que comercializam para anunciantes e criam novos recursos para garantir que você passe mais tempo rolando o feed do app.

Outras redes sociais também se comportam da mesma maneira que o TikTok? De modo geral, sim. Então, por que só o TikTok está na mira dos políticos? A resposta está na nacionalidade chinesa do app.

Proibir o TikTok é censura ou segurança digital?

A questão é mais complexa do que podemos imaginar. Apesar do TikTok recolher informações de seus usuários assim como diversas empresas do ramo, o app da ByteDance tem sede na China — em outras palavras, está submetida às leis do Partido Comunista Chinês.

De acordo com a legislação chinesa, as empresas que operam no país são obrigadas a compartilhar os dados coletados com as autoridades locais caso sejam solicitados.

O pesquisador de segurança digital e ex-hacker Marcus Hutchins ressalta em seu site que o TikTok envia os dados da área de transferência do celular para os servidores do app. O que é polêmico e potencialmente perigoso, uma vez que essas informações podem incluir senhas, dados bancários e fotos.

Logo, a privacidade das informações de um usuário do TikTok em qualquer parte do mundo pode cair nas mãos do governo asiático.

Nos últimos meses, esse contexto tem afetado cada vez mais relação da ByteDance com os governos dos EUA e da Europa, principalmente. Em março desse ano, o CEO do aplicativo de vídeos, Shou Zi Chew, tentou defender a rede social no congresso norte-americano.

A popularidade do TikTok torna a situação mais delicada, já que estamos falando de 1 bilhão de usuários que postam e compartilham conteúdo de todos os tipos, desde assuntos políticos até dancinhas virais.

Quem ganha com o banimento do TikTok nos EUA e na Europa?

Todos os concorrentes diretos do TikTok. A migração dos usuários dessa rede social para novos apps com recursos de produção de conteúdo viral será natural.

Instagram, Facebook, Snapchat e YouTube vem se preparando com a criação de novas possibilidades para seus usuários criarem e postarem vídeos curtos nos moldes do TikTok.

Além disso, a proibição do app chinês criará a oportunidade para plataformas menores se tornarem mais competitivas, como Triller, Dubsmach e Clash.

A preocupação com a segurança de dados é vital nos tempos atuais. No entanto, o embate entre legisladores e ByteDance vem mostrando que os esforços estão pendendo mais para o lado da geopolítica do que para a regulamentação básica da privacidade de informações pessoais na internet.

O medo do governo chinês, a desinformação e o despreparo dos políticos que representam as grandes potências mundiais dão sinais claros de xenofobia.

A discussão parece estar mais centrada em permitir que os dados dos usuários sejam controlados apenas por empresas norte-americanas e europeias do que implementar leis que protegem os cidadãos dos interesses comerciais e ideologias extremistas.

E quanto ao Brasil? Bem, nosso país ainda não demonstra participar ativamente dessa mesa de debate em que mais de 30 países já impõem limitações ao TikTok e aplicativos semelhantes.

(Tecmundo)

(Foto: Tânia Rêgo-AB)

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