Mulheres na História de Vera Cruz: história, memória e ancestralidade
O Dia Internacional da Mulher é comemorado anualmente em 8 de março. A data é uma homenagem às mulheres que lutaram e ainda lutam por seus direitos e pela igualdade de gênero em todo o mundo.
A história do Dia Internacional da Mulher remonta ao início do século XX, quando as mulheres começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, direitos políticos e sociais. Em 1908, nos Estados Unidos, cerca de 15.000 mulheres marcharam pelas ruas de Nova York exigindo melhores condições de trabalho, redução da jornada de trabalho para 10 horas diárias e direito ao voto.
No Brasil, as mulheres também tiveram uma participação importante na história. Durante o período colonial, as mulheres não tinham direito a voto e eram subordinadas aos homens. No entanto, algumas mulheres se destacaram na luta pela independência do país, como Joana Angélica, que foi morta em 1822 ao tentar impedir a invasão de um convento por soldados portugueses, e nossa heroína baiana, nascida na Gameleira, Maria Felipa de Oliveira, mulher negra que lutou pela independência da Bahia e do Brasil.
Além das mulheres mencionadas, há muitas outras brasileiras que tiveram um papel fundamental na história do país e que merecem ser lembradas. Uma delas é Carolina Maria de Jesus, escritora e ativista que nasceu em Minas Gerais e ficou famosa por seu livro “Quarto de Despejo”, que retrata a vida de uma mulher negra e pobre na favela do Canindé, em São Paulo. Outra mulher que marcou a história do país é Bertha Lutz, bióloga e ativista política que lutou pelo direito ao voto feminino e pela igualdade de gênero no Brasil.
Mas a história não se faz apenas de grandes eventos e personalidades famosas. Ela é construída diariamente por pessoas simples que, com seu trabalho e dedicação, contribuem para o desenvolvimento de suas comunidades. A história de Vera Cruz foi forjada nas muitas marés com as centenas de marisqueiras, nas casas de veraneios, nas ruas, nas escolas, nas igrejas e em diversas áreas sociais da nossa cidade. E assim, diversas mulheres de diferentes contextos e lugares ajudaram na construção da nossa cidade.
É o caso das mulheres que fizeram e fazem a história de Vera Cruz, deixando sua marca na cidade por meio da educação, da religiosidade e da economia. Aqui, a mulher sempre esteve na história.
As professoras Dalva, Enecy, Nice Vinagre, Maria Eunice Coelho, Lenice, Jacira Feudman, Floriceia, Nilma Gonçalves, Regina Macêdo, Rosa do Baiacu, Nildes e a professora Raimunda, umas das pioneiras na Educação de Vera Cruz. Estes são alguns dos nomes que se destacam na construção da educação em Vera Cruz. Algumas delas dedicaram e dedicam até hoje suas vidas a formar novas gerações de cidadãos, transmitindo conhecimento e valores que ajudaram a construir uma sociedade mais justa e igualitária.
A religiosidade também teve forte influência na história de Vera Cruz, contando com mulheres como irmã Heremita Costa e a Ialorixá Dedea e sua mãe Dona Zenaide, líderes religiosas que exerceram e exercem grande influência na comunidade local. Além delas, temos as pastoras Darciria Borges e Mara Reis, líderes religiosas e figuras importantes no cenário evangélico de Vera Cruz, como também a Irmã Mariete Lima da Igreja Evangélica Missionária Pentecostal, mulheres de Deus que até o dias atuais são exemplos na fé e na vida.
Também temos mulheres como Dona Eloina (in memoriam), Dona Cecê, prioritária do primeiro e único restaurante do Baiacu, a empresária Lenise da Lider e Dinha do Acarajé, que se destacaram e se destacam em suas atividades econômicas e na geração de emprego. Já Dona Clara Vinagre, esposa de Balá, ex-prefeito de Vera Cruz, foi a responsável pela construção do Colégio Júlio Virgilio em Vera Cruz. Na inauguração da Escola fora realizado um belo almoço em sua residência.
Tais mulheres e muitas outras mulheres, com suas histórias e vidas, fizeram e fazem a história da nossa cidade.
Silvano Sulzart – Escritor e professor