Bahia tem semana com maior número de novos casos de covid desde julho
A segunda semana de dezembro registrou 13.356 novos casos de covid-19. É a maior soma semanal desde 24 de julho, quando o estado notificou 11.821 pacientes ativos com a doença em sete dias, conforme boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab). No geral, o número de casos ativos de covid-19 no estado aumentou 734% a partir de novembro. No dia 14 do mês passado havia 1.105 novos casos ativos, na quarta-feira (14 de dezembro), exatos um mês depois, os registros subiram para 9.223.
Com a tendência de explosão de infecções após o Natal e o Ano Novo, por conta do relaxamento nas medidas de proteção como álcool em gel e máscara, atrasos para completar o esquema vacinal e a circulação de subvariantes da cepa Ômicron da covid, médicos como o infectologista e professor na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Robson Reis, alertam que é preciso evitar que o vírus se prolifere ainda mais.
“Aglomerações de final de ano, idas aos centros de compras para o Natal, confraternizações de trabalho e escolares, reuniões e encontros para assistir jogos da Copa do Mundo, tudo isso influencia [o aumento de casos]”, enumera.
O estudante de administração Filipe Ferreira, 19, faz parte da estatística. O teste dele deu positivo no dia 6 de dezembro. A suspeita é que tenha contraído o vírus em uma festa com mais de 800 pessoas. O estudante acordou com a garganta inflamada logo no dia seguinte. Ele ainda apresentou febre e dor de cabeça, mas agora já está bem. Sem medo de reinfecção, Filipe planeja comemorar Réveillon com amigos em Guarajuba, distrito de Camaçari.
“Tomei as vacinas e para quem está imunizado, a doença não vem tão forte. Mas, por enquanto, estou me resguardando. Só vou viajar no Ano Novo”, diz.
Desde início da pandemia, Filipe testou positivo apenas em dezembro
(Foto: Acervo Pessoal)
Quem cancelou os planos de viajar em 31 de dezembro foi a psicóloga Darci Roullet, 59, que também testou positivo na última semana. Ela não sabe se pegou a covid após se reunir com a família para assistir à Copa ou levar a neta para tratamento em uma clínica. Seus sintomas foram dor de cabeça, dor no corpo e febre.
Apesar do teste positivo, a preocupação maior foi o marido Amaro, 67. “Meu esposo pegou de mim. Ele teve de tomar antibiótico e como é diabético e hipertenso, o quadro dele foi mais grave, ficou com sensação de desmaio”.
Vacinados até a quarta dose e medicados, ambos também já estão em recuperação. “Eu ia viajar, mas agora desisti. Preferi ficar em casa”.
Amaro está à espera da quinta dose
(Foto: Acervo Pessoal)
Vacinas
Na Bahia, 2,8 milhões de pessoas (51,04%) estão com a segunda dose de reforço [quarta dose] em dia. Ao todo, 5,6 milhões estão aptos para receber o imunizante. Já na terceira dose – ou a primeira do reforço – 7,6 milhões (60%) tomaram a injeção. O público esperado é de 12,7 milhões.
Segundo a Sesab, o estado tem recebido doses regularmente e tem estoque de aproximadamente 140 mil ampolas da Pfizer para adultos e 40 mil doses de Astrazeneca/Fiocruz. A pasta solicitou ao Ministério da Saúde na quarta-feira (14), mais 10 mil doses de Astrazeneca/Fiocruz, 10 mil de Janssen e 100 mil da Pfizer para adultos.
“As vacinas AstraZeneca em estoque têm validade até janeiro, e as da Pfizer, até abril. A coordenação de Imunizações da Sesab ressalta que vem percebendo um declínio no pedido de vacinas por parte dos municípios nas últimas três semanas”, declara o órgão, em nota.
O índice de cobertura para crianças de seis meses a dois anos é que preocupa, apenas 0,36% desse contingente tomou a D1. Para crianças de 3 e 4 anos, 7,5% do público tomou o reforço (D2). Para o público-alvo infantil menor de 12 anos a pasta diz que não está recebendo doses há três semanas da Pfizer e CoronaVac.
O infectologista Robson Reis ressalta que é importante atualizar o esquema vacinal porque com o passar do tempo a imunidade tende a cair e a dose de reforço serve justamente para fortalecer o sistema de defesa novamente.
“Cerca de 90% das pessoas internadas são pessoas não vacinadas ou que não completaram o esquema vacinal. As variantes conseguem driblar o sistema imunológico por conta das mutações, mas fazem geralmente infecções leves nos vacinados”.
De 8 a 13 de dezembro, a Bahia teve 21 mortes por covid-19.
Atenção aos cuidados na confraternização natalina
Nas festas de Natal e Ano Novo, tanto para quem vai às festas públicas ou ficará em casa com a família, a orientação do epidemiologista Paulo Petry é a mesma: “Sempre que houver aglomeração, sobretudo em locais fechados, retome o uso da máscara, ventile os ambientes e complete o ciclo vacinal”. Para o dia a dia, ele orienta o uso da proteção facial no transporte público e outros locais fechados.
Decreto estadual tornou o uso de máscaras obrigatório nos transportes públicos e seus locais de acesso, como as estações de embarque; em salões de beleza e centros de estética; em bares, restaurantes, lanchonetes e demais estabelecimentos similares; em templos religiosos; em escolas e universidades; em ambientes fechados, tais como teatros, cinemas, museus, parques de exposições e espaços similares.
Os eventos têm realização autorizada. No entanto, voltou a ser exigido o uso da máscara e a comprovação de vacinação naqueles onde há controle de acesso e venda de ingressos. A comprovação será feita mediante apresentação da carteira de vacinação ou do Certificado Covid, obtido pelo aplicativo Conect SUS.
Petry explica que os principais sintomas das subvariantes da ômicron são similares aos da gripe, como coriza, tosse, irritação de garganta, cansaço e dor muscular. Só com testes dá para saber se é ou não covid. Para quem testar positivo, a recomendação é manter isolamento por, ao menos, sete dias.
Nos eventos de final de ano:
- Use máscara em ambientes fechados e remova só para alimentação;
- Higienize as mãos após cumprimentar amigos e familiares;
- Deixe o ambiente mais ventilado [com janelas e portas abertas]
- Mantenha distanciamento físico [mínimo de 1,5 metro]
- Mantenha o esquema vacinal atualizado antes do evento ou viagem
*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro
Correio