Facebook: documentos apontam crianças de 6 anos como público-alvo
Nesta sexta-feira (29), a NBC News apresentou documentos internos do Facebook que demonstravam que a empresa estava contratando funcionários para desenvolver produtos direcionados para crianças a partir dos seis anos de idade, visando expandir sua base de usuários. Os documentos foram entregues ao congresso pela ex-funcionária Frances Haugen.
Em uma postagem no blog interno da empresa, publicada em 9 de abril deste ano, o autor (até o momento desconhecido) disse que maioria dos produtos da internet não foram projetados para menores de 13 anos. Portanto, o Facebook estaria fazendo um grande investimento na juventude e formou uma equipe virtual empresarial para tornar a experiência mais segura e privada, pelo bem-estar das crianças e de sua família.
A publicação ainda apresenta diagramas que ilustram os novos grupos de idade-alvo propostos, sendo um grupo de crianças de 6 a 9 anos, adolescentes de 10 a 12, outro de 13 a 15 anos e por fim um grupo para jovens de 16 a 17 anos — além do público adulto que já consome conteúdos nas redes sociais do conglomerado.
“Essas cinco faixas etárias podem ser usadas para definir educação, transparência, controles e padrões que atenderão às necessidades dos jovens usuários”, escreveu o funcionário no post.
Facebook e a saúde mental
Após pesquisas comprovarem que o Instagram é prejucicial para a saúde mental de meninas adolescentes, críticos do Facebook apontam que os documentos só demonstram um padrão da empresa, que tenta atrair usuários jovens o mais cedo possível.
James Steyer, fundador e CEO da Common Sense Media — uma organização sem fins lucrativos que pesquisa a relação de crianças com o mundo digital — disse que o Facebook precisa se concentrar em limpar suas plataformas existentes antes de tentar prender mais crianças em suas redes viciantes.
Em resposta à cobertura do The Wall Street Journal sobre o Facebook se esforçar para atrair gerações mais novas, a empresa respondeu que é devido à alta competição no mercado. Ainda criticou o jornalao dizer que, uma vez que seus concorrentes estão fazendo a mesma coisa, seria interessante para eles que o Facebook não realizasse esse trabalho.
Crianças e a internet
Outro diagrama apresenta como a empresa lida com os adolescentes atualmente, seguindo as restrições da Lei de Proteção e Privacidade de Crianças Online (COPPA), que limita o público-alvo a adolescentes de 13 anos. Em uma nota, o autor diz que a COPPA trata pessoas com mais de 13 anos da mesma forma e pede que mais jovens não usem seus produtos.
Do outro lado, uma outra imagem demonstra o “futuro” que divide as cinco faixas etárias em zonas que vão evoluindo. Na nota, o autor diz que a intenção era de que recursos, padrões, configurações e educação seriam dimensionados por idade e etapa.
Em resposta à NBC News, Josh Golin, diretor-executivo da Fairplay, disse que os documentos deixam claro que, em vez de trabalhar para tornar suas plataformas mais seguras e menos prejudiciais, a prioridade do Facebook é atrair crianças mais novas e criar um fluxo de usuários vitalícios de seus produtos.
Adam Mosseri, chefe do Instagram, anunciou em setembro a interrupção do desenvolvimento do Instagram Youth, focada para crianças com menos de 13 anos, com a justificativa que a empresa pretende manter o projeto, mas com a assessoria de pais, pesquisadores e especialistas.
O Facebook não comentou se a empresa continua contratando profissionais para esses cargos e uma análise de listas de empregos não apresentou resultado para essas vagas.
(Tecmundo)