Governo federal deixa estragar R$ 240 milhões em vacinas, testes e remédios
O Ministério da Saúde (MS) deixou passar da validade um estoque gigantesco de medicamentos, vacinas, testes de diagnósticos e outros itens que deveriam ser encaminhados à rede de atendimento do SUS. Avaliados em mais de R$ 240 milhões, os produtos vencidos deverão ser incinerados. Dados do estoque, que eram mantidos em sigilo pelo ministério, foram revelados pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (6).
Segundo o jornal, os 3,7 milhões de itens, que estão em um “cemitério” de insumos do SUS na cidade de Guarulhos (SP) e começaram a vencer há cerca de três anos, expiraram quase todos durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para esconder do público essas informações, a pasta acenava com um documento interno de 2018 considerado inválido pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Os produtos vencidos, que serão queimados, deveriam ter ido para pacientes do SUS com hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, transplantados e problemas renais, entre outras enfermidades.
Alguns desses itens deteriorados estão em falta nos postos de saúde, como o metotrexato, usado no tratamento do câncer, que terá 24 mil ampolas destruídas.
Quais medicamentos estragaram no depósito do Ministério da Saúde?
Após acessar as tabelas do Ministério da Saúde com dados sobre os itens vencidos, número de lote, data da validade e valor pago pelo governo, a Folha de S. Paulo detectou alguns casos de medicamentos com alta demanda, como as canetas de insulina, que humanizam o tratamento de diabetes, principalmente em crianças e idosos. Compradas em 2018 por R$ 10 milhões, serão destruídas 820 unidades — o suficiente para 235 mil pacientes durante um mês.
Também foram perdidos, durante o governo Bolsonaro, frascos para aplicação de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B, varicela, entre outras doenças. A perda total em vacinas é estimada em R$ 50 milhões. O MS também estoca cerca de R$ 345 mil em tratamentos dos programas DST/Aids, principalmente testes de diagnóstico, além de R$ 620 mil em insumos para prevenção da malária.
O diretor do Dlog (Departamento de Logística do MS), general da reserva Ridauto Fernandes, disse à Folha que a perda de validade de produtos ocorre “em quase todos os ramos da atividade humana”.
(Tecmundo)