Itaparica: Uma história viva na vida do itaparicano
A igreja do Santíssimo Sacramento de Itaparica foi construída pelo Padre Torres juntamente com a população da ponta das baleias, ao longo de mais de 35 anos, sendo inaugurada no dia 21 de outubro de 1794. Em 11 de fevereiro de 1808 a Igreja recebeu uma rápida visita do príncipe regente Dom João IV, que dias após fugir de Napoleão, e desembarcar na Bahia “turistava” em Itaparica na companhia de seu filho D. Pedro herdeiro do trono com apenas 9 anos de idade, e a Igreja do Santíssimo ainda filiada à freguesia de Nosso Senhor da Vera Cruz, no Baiacu. Dom João VI, elevou a Igreja a condição Matriz, e sede da nova freguesia com a denominação de Santíssimo Sacramento de Itaparica, em dezembro de 1814.
Nos anos de 1822 e 1823, a maior e mais importante Igreja já construída na ilha teve um papel relevante no decorrer das lutas pela independência do Brasil na Bahia, e assim como todo o território insular, foi disputada entre os defensores da causa Brasileira e os partidários de Portugal, e em quanto tudo isso acontecia, o gênio baiano da arte e pintura sacra, José Teófilo de Jesus, pintava cenas da santa ceia, nos forros e painéis da igreja monumental. A arte prevalece até na guerra.
No dia 12 de outubro de 1822 nesse mesmo templo, celebrou-se com as solenidades possíveis mediante a situação conflituosa, o aniversário do mesmo príncipe que a tinha visitado 14 anos antes, Dom Pedro, agora D. Pedro I aclamado imperador do Brasil Independente.
Muito maior, e dessa vez lavados no júbilo da vitória da Batalha de 7 de Janeiro de 1823, os itaparicanos forão aos pés do Santíssimo Sacramento, a 16 de Janeiro de 1823 celebrar o primeiro Te-deum em uma cerimônia de bênção da primeira bandeira do Império Brasileiro enviada por Pedro Labatut em honra e gratidão a vitória dos “Denodados Itaparicanos”.
Esse fato tão significante, conferiu à Igreja local de destaque nas Comemorações Cívicas do 7 de Janeiro já em 1824. Prestígio que lhe valeu a visita do mesmo Dom Pedro I em 1826, e de seu sucessor, Dom Pedro II em 1859, este que por sua vez, visitou também a Fortaleza de São Lourenço, algumas residências, e até vistoriou as obras do Quartel e Depósito de Pólvora do exército na Ilha do Medo.
Para fechar esse resumo histórico, resta dizer que Luiz Gama, ilustre advogado precursor do movimento abolicionista, que tanto nos enche de orgulho, foi batizado nessa Igreja e mesmo assim foi vendido como escravo pelo próprio pai, para só mais tarde conseguir a própria liberdade, e libertar centenas de outros. Mas, também é nela que está sepultado, um dos maiores traficantes de escravizados da Bahia, que vivia em Itaparica.
Por conta de todas essas singularidades, esta Igreja de raríssima beleza, nos permite profundas reflexões sobre a história do nosso Brasil.
Foto: Arquivo Iconografico de Itaparica Janeiro de 1933
Por: Felipe Peixoto Brito
Muito boa esta matéria.