Chuvas de outros planetas são semelhantes às da Terra, diz estudo
Apesar de apresentarem composições químicas diferentes, chuvas de outros mundos se assemelham – e muito – às que ocorrem aqui na Terra, indica Kaitlyn Loftus, estudante do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade de Harvard (EUA), em estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Planets. De acordo com ela, nem mesmo as mais variadas atmosferas causam alterações substanciais nas gotas que caem sobre diversas superfícies extraterrestres.
Essas informações, salientam pesquisadores, podem auxiliar cientistas a entenderem os climas e os ciclos de precipitações de locais distantes, como os de Vênus, onde há tempestades de ácido sulfúrico; de Júpiter, no qual há eventos de granizo de hélio e amônia pastosa; de Marte, com dióxido de carbono ou gelo seco; de Titã, lua de Saturno, em que garoas garantem um banho de metano ou gás natural liquefeito; e de Netuno, cujos céus derramam diamantes, suspeitam especialistas.
Além disso, dependendo das condições, alguns planetas são capazes de inundar territórios com ferro ou quartzo – e as gotículas, por sua vez, se limitam a um tamanho entre cerca de um décimo de milímetro a vários milímetros de raio, não excedendo tais dimensões. No mais, quanto mais forte a atração gravitacional exercida sobre elas menores são, manifestando-se de uma faixa de cerca de metade das daqui até seis vezes mais.
“Há uma gama bem pequena de tamanhos estáveis que essas gotas de chuva de diferentes composições podem ter; todos elas estão fundamentalmente limitadas a terem aproximadamente o mesmo aspecto máximo”, destaca Loftus. O comparativo abaixo ilustra o cenário – contendo Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Titã, a força gravitacional (fraca, média e forte) e outros itens, como um grão de cuscuz, um comprimido e uma moeda. Confira.
Comparativo de gotas de chuva em outros mundos.Fonte: Reprodução
“E o céu claro de estrelas”
Princípios matemáticos e científicos é que nortearam as estimativas de Kaitlyn e seu colega, Robin Wordsworth, que desejavam determinar os intervalos de tamanhos possíveis para gotas que caem de uma nuvem para o chão. Enquanto as que são muito grandes se dividem em menores, explicam, as pequenas evaporam antes de chegarem ao solo.
Por exemplo, no caso de planetas rochosos, os primeiros analisados, temperatura, pressão do ar, umidade relativa, distância percorrida pelas gotículas e a força da atração gravitacional revelaram que aquelas com cerca de um décimo de milímetro desaparecem no percurso; já as outras se separam e dão origem a novas – e o movimento pelo “ar” dos exemplares em outros gigantes é bem parecido com o visto nos demais.
Quanto à aparência, bem, não se sabe se as “parrudas” mantêm a estrutura que conhecemos, ainda que Loftus sugira que a tensão de suas superfícies esteja diretamente ligada às suas densidades.
Tristan Guillot, cientista do Observatório de Nice (França), salienta que a novidade da estudante tem o potencial de otimizar novas pesquisas. “Agora, com instrumentos como [o Telescópio Espacial James Webb], que esperançosamente será lançado em breve, teremos a capacidade de detectar espectros realmente finos de atmosferas exoplanetárias, incluindo aqueles que são bem mais frios do que os que normalmente somos capazes de caracterizar, em que nuvens e chuvas ocorrerão.”
“Portanto essas descobertas, à medida que surgem, serão muito úteis e importantes para interpretarmos dados coletados”, finaliza o cientista, que não participou do estudo de Kaitlyn. Wordsworth complementa: “A longo prazo, elas também podem nos ajudar a obter uma compreensão mais profunda do clima da própria Terra.”
(Tecmundo)