Fiocruz espera começar a vacinar a população contra a Covid-19 até março
Presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade disse nesta segunda-feira (2) acreditar que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil — com formulação da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca — comece até março.
“Temos a expectativa de que todo o processo de imunização comece a ser feito no primeiro trimestre de 2021”, disse Nísia Trindade.
Nísia explicou que espera iniciar a produção já em janeiro ou em fevereiro. “A Agência de Vigilância Sanitária vai acompanhar todo o processo”, emendou.
A presidente da Fiocruz esteve nesta segunda em uma missa no Cemitério da Penitência, no Caju. A cerimônia, conduzida pelo cardeal-arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, homenageou os cientistas.
Em agosto, Nísia disse que a produção iria começar em dezembro. Na ocasião, foi assinado um acordo entre a Fiocruz, o Ministério da Saúde e a AstraZeneca que previa transferência de tecnologia e 100 milhões de doses produzidas no Brasil.
“Estamos nos preparando para receber 30 milhões de insumos farmacêuticos para 30 milhões de doses da vacina, entre dezembro e janeiro, e estaremos produzindo essas doses de vacina, e receberemos mais 70 milhões de doses logo a seguir, entre fevereiro e junho de 2021”, falou Nísia, em agosto.
Formulação sintética ou com pedaços
A Fiocruz no Rio trabalha com dois dos 11 projetos de candidatas a vacina contra a Covid-19, de acordo com levantamento do G1. Nísia não detalhou qual deles vai para a produção.
- Uma é a de uma vacina sintética, com base em peptídeos (moléculas) sintéticos do Sars-CoV-2 capazes de induzir a produção de anticorpos específicos e ativar as células T, um tipo de célula de defesa do corpo, contra o coronavírus.
- A outra é uma vacina de subunidades, que utiliza pedaços de proteínas capazes de estimular a resposta imune. Essa versão testa diferentes construções da proteína S, que é a que o novo coronavírus usa para infectar as células do paciente. A ideia é que o corpo crie os anticorpos necessários para se defender quando tem contato com essa proteína.
Segundo o vice-diretor de desenvolvimento tecnológico de Manguinhos, Sotiris Missailidis, ambas já passaram por uma primeira etapa de estudos pré-clínicos, com camundongos, e foram seguras para os animais.
Agora, os cientistas avaliam a geração de anticorpos e as respostas das células de defesa dos animais. A melhor das construções e das doses testadas vai para estudo de desafio – quando cientistas infectam os animais com o vírus e verificam se a vacina conferiu proteção.
O próximo teste será em hamsters, previsto para novembro, e depois vêm, possivelmente, os macacos.
“Se a gente conseguir achar laboratório que faça, seria já em dezembro [o teste] em macacos. No final do ano ou em janeiro podia completar a fase pré-clínica”, disse Missailidis.
Infográfico mostra quatro plataformas de desenvolvimento de vacinas e quais institutos brasileiros trabalham em quais propostas — Foto: Guilherme Luiz Pinheiro/G1
(G1)