O ‘alimento para o cérebro’ que todo vegano precisa conhecer
As pessoas que adotam uma dieta vegana, que exclui a carne ou qualquer alimento de origem animal, devem, entre outros cuidados, se certificar de que estão consumindo quantidade suficiente de um nutriente fundamental, mas pouco conhecido, para o cérebro.
A colina, que ajuda na comunicação entre células nervosas, é encontrada em maior concentração em carnes e laticínios.
E quem não ingere esse tipo de alimento corre o risco de não obter colina suficiente, alerta a nutricionista Emma Derbyshire em artigo publicado na revista científica BMJ Nutrition, Prevention & Health.
O nutriente, que também está associado à função hepática, está presente principalmente no ovo, no leite e na carne.
Mas existem alternativas. A colina também pode ser obtida pela ingestão de soja torrada, vegetais crucíferos – como brócolis e couve-de-bruxelas -, feijão cozido, cogumelos, quinoa e amendoim.
Derbyshire, especialista independente em nutrição e ciências biomédicas, escreveu na publicação científica que o Reino Unido estava ficando para trás de outros países por não recomendar ou monitorar os níveis de ingestão de colina.
As autoridades de saúde dos EUA, por exemplo, definem como níveis de “ingestão adequada” 425 mg/dia para mulheres e 550 mg/dia para homens.
Adotar o estilo vegano é uma escolha pessoal, mas grande parte dos seguidores atribui a opção a questões éticas e à preocupação com o meio ambiente. E há quem cite questões de saúde.
A colina, que faz parte das vitaminas do complexo B, é considerada essencial para a síntese do neurotransmissor acetilcolina, que desempenha um papel importante nas funções cognitivas, como processos de aprendizagem e formação de memórias.
E é particularmente importante para as mulheres durante a gravidez e a amamentação, uma vez que é transportada ativamente para o feto no útero, com suprimentos maternos relacionados à cognição, ou transferida para o bebê por meio do leite materno.
De acordo com o artigo, a deficiência do nutriente está relacionada a doenças hepáticas, pode comprometer a função cognitiva dos descendentes e causar possíveis distúrbios neurológicos.
Planejamento é essencial
Derbyshire alerta que quem adota uma alimentação vegana precisa compensar a possível deficiência do nutriente – assim como de ferro, vitamina B12, ômega-3 e cálcio.
“Se você não gosta desses alimentos, pode precisar tomar suplementos.”
Mas a Associação Dietética Britânica (BDA, na sigla em inglês) afirma que, com planejamento, é possível obter quantidade suficiente de colina a partir de uma dieta vegana.
“É perfeitamente possível atender a esses requisitos com uma dieta vegana ou à base de plantas”, declarou Bahee Van de Bor, porta-voz da BDA.
“Mas você precisa se planejar. Os alimentos podem ser veganos, mas não fornecer os nutrientes necessários.”
Os veganos devem prestar atenção, portanto, no que consomem e assegurar uma dieta variada.
“É provável que uma dieta vegetariana ou vegana saudável e variada forneça um pouco de colina”, diz o porta-voz.
Também é importante garantir que essa dieta seja bem equilibrada para garantir a ingestão de nutrientes suficientes como ferro, cálcio, zinco e vitamina B12.
“Dito isto, sabemos que pode haver muitos benefícios para a saúde ao seguir uma dieta baseada mais em plantas, embora isso não signifique necessariamente que os produtos de origem animal devam ser completamente excluídos”, acrescentou.
Segundo Derbyshire, pesquisas indicam que mulheres grávidas e lactantes, em particular, precisam garantir ingestão suficiente de colina em suas dietas, uma vez que o nutriente é extremamente importante para o desenvolvimento cerebral do feto.
“Quero, em primeiro lugar, aumentar a conscientização. Mas também acho que se as pessoas estão adotando uma alimentação à base de verduras e legumes, principalmente mulheres em idade fértil, devem buscar suplementos”, afirmou. (BBC)