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Sobre o Estádio de Periperi: emprego e renda ou estagnação econômica

Por: Jorge Andrade

Tenho me manifestado sobre a situação do estádio de Periperi. Não o enxergo como um centro esportivo, em um passado remoto já teve uma significante relevância. Hoje, destruído pela ação do tempo, resta pouco do que foi outrora.

Por outro lado, é impossível negar a carência econômica gritante da região suburbana. A inexistência de projetos de aquecimento da economia local, sem planos claros para a atração de novos investimentos, torna os 22 bairros que forma o Subúrbio Ferroviário um celeiro de mão de obra sem aproveitamento na sua região de origem.

A vinda de um empreendimento capaz de gerar empregos e modificar o atual panorama comercial de um bairro importante como Periperi é sempre bem-vinda. Entretanto, é inexplicável a resistência apresentada por determinados grupos que, alheios a necessidade de progresso da região, insistem na tese de que o município deve se intrometer em uma situação claramente alheia a suas atribuições e, pior do que isso, abrir mão dos impostos gerados pela instalação de uma grande loja e ainda gastar milhões de reais na desapropriação da área que hoje pertence a iniciativa privada.

Dentro desse cenário, ignora-se o dispêndio de recursos que o município terá que realizar, caso essa hipótese seja levada à frente. Ignoram, ou preferem não discutir, o que significa a criação de novos portos de trabalho, no caso em tela cerca de 300 vagas, em um dos municípios que mais carece de avanços na geração de emprego.

Apenas para não dizerem que não apresentei dados, cito os dados do Dieese: a taxa anual de desemprego na capital baiana é de 24,9% da população economicamente ativa (PEA), a maior desde 2003, quando esta bateu 27,1%, ou seja, em 2018 regredimos 15 anos. A Pesquisa de Emprego e Desemprego, que tem sua aplicação coordenada pela UFBA e pela SEI, apontou que estas taxas de desocupação são de dois tipos: o aberto, que teve 17,2%, e o oculto, por precariedade da atividade ou quando um indivíduo desamina de tanto receber porta fechada e entra em estado de desalento, que alcançou 7,7%.

É nesse cenário precário, onde jovens saem das faculdades ou dos cursos profissionalizantes sem ter vagas de emprego para ocuparem, que tentasse convencer gestores municipais que é melhor retirar recursos dos cofres públicos para pagar desapropriação, deixar de arrecadar impostos com uma loja de grande porte aberta e impossibilitar o acréscimo de 300 vagas na estatística de empregos do município.

Relevante ainda a informação que dá conta da existência de, pelo menos, 5 praças esportiva no bairro: Campo da Praça do Sol, Campo da Urbis, Campo dos Mirantes de Periperi – recém reformado pelo poder público municipal – e um Campo na Praia de Periperi. São cinco praças esportivas localizadas no mesmo bairro, sem levar em consideração quadras e outro ponto que são usados informalmente pela população.

Colocadas essas informações, fica claro o que deveria ser discutido: Formas de atrair ainda mais investimentos para a região, programas de incentivo para que empresários passassem a ver a região com melhores olhos. Estou em buscas de tais ações, entre pesquisas realizadas nos arquivos da Câmara Municipal de Salvador e das Secretarias relacionadas com o tema. Nunca encontrei uma linha!

Assim, fica claro que para muitos pouco importa a situação de centenas e centenas de pessoas que seguem desempregadas na região da Suburbana. Não é interessante para algumas pessoas falar sobre temas tão delicados. Entretanto, é preciso que os poderes públicos enfrentem a situação de geração de emprego e renda na região de forma clara e objetiva. Negligenciar o tema ou tentar amarrar o mesmo a discursos eleitorais atemporais é, no mínimo uma irresponsabilidade.

 

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