Hoje o planeta começa a pagar juros da dívida contraída pela humanidade
Nosso planeta entrará no “cheque especial” no dia 1º de agosto quando acontecerá o Dia da Sobrecarga da Terra (Overshoot Day), momento em que a demanda da humanidade por recursos da natureza ultrapassa o que o planeta consegue regenerar durante um ano. Esta é a data mais recente desde que o mundo estourou seu orçamento ambiental pela primeira vez, no início da década de 1970. Isto significa que, até o final deste ano, a população mundial terá consumindo uma quantidade de recursos naturais e serviços ecossistêmicos equivalentes a 1,7 “planetas”, isso é, 70% mais do que a Terra consegue regenerar em um ano!
Isso ocorre, por exemplo, por causa da emissão contínua de dióxido de carbono na atmosfera do que a totalidade dos oceanos e das florestas consegue absorver. Esses gases de efeito estufa (GEE), causadores do aquecimento global, são resultantes de atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis no transporte e na geração de energia elétrica e nas atividades agropecuárias, seja pelo desmatamento seja pelo uso da terra para a agricultura e pastagens. Outro exemplo é a pesca, que acontece em um volume e uma velocidade que ameaça de extinção espécies marinhas, pois a humanidade está consumindo algumas espécies de peixe mais rapidamente do que aquela espécie consegue se reproduzir. É o caso também da agropecuária que, em muitos casos, leva a esgotar o solo e a água mais rapidamente do que o planeta consegue regenerar. Tudo isso tem a ver com o nosso estilo de vida, com a forma como a sociedade produz e consome bens e serviços.
O cálculo do Dia da Sobrecarga da Terra é feito anualmente pela Global Footprint Network (GFN), uma organização de pesquisa internacional, parceira global da Rede WWF, que calcula a chamada “pegada ecológica” para medir os impactos do consumo humano sobre os recursos naturais. É uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar. Inclui áreas para produzir alimentos, fibras e madeira, para acomodar a infraestrutura urbana e para absorver emissões de dióxido de carbono. Para calcular sua Pegada Ecológica pessoal, visite o site: http://www.pegadaecologica.org.br.
Cada um de nós pode mudar os hábitos de forma a contribuir para adiar o Dia da Sobrecarga da Terra. Veja, a seguir, algumas sugestões simples para diminuir os impactos negativos do nosso consumo no meio ambiente:
– Dê preferência ao transporte público, à bicicleta ou à caminhada. O uso de veículos motorizados particulares tem um gasto maior de combustível por passageiro, o que significa uma maior emissão de gases de efeito estufa (GEE) por pessoa. Em excesso na atmosfera, esses gases não conseguem ser absorvidos na velocidade devida pela natureza, o que provoca uma sobrecarga no planeta. Há outros motivos para preferir a bicicleta e a caminhada em alguns trechos: eles não são poluentes e ajudam manter a forma física e melhorar a saúde.
O impacto positivo que você pode ter ao mudar os seus hábitos é simples: se você trocar o carro pela caminhada cinco vezes na semana, em um curto percurso (1,5 km no total de ida e volta), ao longo de sua vida*, será evitada a emissão de uma quantidade de gases de efeito estufa (GEE) equivalente àquela emitida na produção de energia elétrica usada por uma residência durante 41 anos!
– Diminua o consumo de carnes vermelhas. Todo o processo de produção de carne emite muitos gases de efeito estufa (GEE), o que sobrecarrega o planeta. A abertura de áreas para pastos é um dos principais motivos do desmatamento, que por sua vez é uma das maiores fontes de emissão de GEE no Brasil. Além disso, o gado emite gás metano, um GEE produzido na sua digestão, que também contribui para o agravamento das mudanças climáticas.
– Evite o desperdício de alimentos. A agricultura exige extensas áreas de solo, além de água e outros insumos. Jogar alimentos fora é também jogar todos esses recursos. O processo de decomposição do alimento desperdiçado emite um gás chamado metano, que é um GEE mais poderoso que o gás carbônico. Portanto, evite jogar comida no lixo – planeje-se bem para evitar desperdício. E utilize os alimentos integralmente: inclua sementes, talos, folhas e cascas nas receitas de pratos. Essas partes costumam ser nutritivas e ricas em fibras.
– Pense bem antes de comprar mais uma peça de roupa. Tudo o que consumimos tem um preço monetário e um custo referente aos impactos ambiental e social que não está considerado no preço. Com as nossas roupas não é diferente. De acordo com uma análise de ciclo de vida realizada por um fabricante global de roupas, ao longo da sua vida útil, a produção e manutenção dessa calça geram o equivalente a 33,4 kg de gás carbônico, um dos gases causadores das mudanças climáticas. Considerando esse valor, a produção e manutenção de apenas 23 calças jeans causam a emissão de gás carbônico equivalente a uma viagem de quase 4 mil quilômetros de carro, como de Porto Alegre até Belém do Pará.
Que tal fazer parte desse movimento para que possamos, todos juntos, reduzir a sobrecarga da Terra? Pequenas atitudes do dia a dia podem produzir um grande impacto positivo. Além disso, você poderá ainda se tornar um influenciador para a sua família e toda a comunidade onde vive, engajando as pessoas que você conhece na campanha. Converse com seus familiares, vizinhos e conhecidos, mostre os benefícios das pequenas ações cotidianas, mobilize-os para adotá-las e para que eles mobilizem outros também! Fonte Instituto Akatu (#Envolverde)