E agora, para onde vai o dólar?
O dólar encerrou o mês de julho em queda pela primeira vez desde janeiro deste ano. A moeda desvalorizou 3,16% no mês passado, e chegou a 3,75 reais na venda.
Um dos motivos que explicam a baixa é a atuação do Banco Central no mercado de câmbio – e a sinalização que isso deu ao mercado. “O Banco Central provou que tem mecanismos operacionais suficientes para neutralizar movimentos bruscos do dólar”, diz Sidnei Nehme, economista e diretor executivo da corretora NGO.
Em maio e junho, o BC aumentou a oferta de dólares no mercado por meio da venda de contratos de swap cambial. Nesse tipo de operação, o BC oferece ao investidor o pagamento da oscilação do dólar num determinado período, além de um prêmio. Isso funciona como uma proteção contra os altos e baixos da moeda, o que leva muitos investidores a desistir de comprar dólar a vista, reduzindo a pressão sobre o câmbio.
Segundo especialistas ouvidos pelo site EXAME, consolidou-se no mercado a avaliação de que aqui não existe risco cambial (ou seja, não existe o risco de o país não conseguir honrar suas dívidas devido à desvalorização da sua moeda).
Nehme explica que muitos investidores aproveitaram da ferramenta para investir como operação de renda variável e não como meio de proteção. Isso fez com que tantos os investidores vendidos e comprados em dólar futuro se defrontam buscando colocar a moeda no preço que atenda melhor suas conveniências, o que ajudou a puxar o dólar para baixo.
Além da atuação do BC, contribuiu para a queda do dólar em relação ao real a redução do risco-Brasil. O pessimismo com o país atingiu o ápice durante a greve dos caminhoneiros e caiu desde conforme a atuação do Banco Central.
“A gente assistiu nos últimos meses uma posição defensiva com aversão ao risco. Este tipo de comportamento inibe os investimentos, faz com que mais dólar saia do Brasil do que entre o que impacta diretamente no câmbio ”, explicou Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital.
Para onde vai o dólar?
Com queda do dólar, o BC reduziu suas intervenções no mercado de câmbio. Para Nehme, isso deve levar o dólar a 3,80 reais até o fim do ano (no primeiro dia de agosto, a moeda já subiu, 0,11%). “Esse é o ponto de equilíbrio do dólar”, diz. Ele acredita que, nesse valor, já está precificado o cenário para as eleições presidenciais.
Já Fernando Bergallo acredita que a moeda terá uma volatilidade maior nos próximos meses, podendo variar de 3,50 reais para 4 reais, conforme a divulgação de pesquisas eleitorais.
A dúvida, segundo ele, é se algum candidato considerado comprometido com o ajuste fiscal conseguirá chegar ao segundo turno. “Nas últimas três eleições, tivemos candidatos pró-mercado fortes na corrida presidencial. Hoje, não temos, ao menos por enquanto.”(Veja)