Geral

Brasileiro é um lutador nato

Noel Tavares

A história do Brasil está marcada por batalhas, guerras e acima de tudo, vitórias com a participação popular. Se voltarmos no tempo, chegaremos as lutas indígenas lá pelos anos de 1.500, época do descobrimento. Os confrontos dos negros para que não sofressem mais as humilhações da escravidão também estão nesse contexto. O tempo passou e o que mais aparecem são motivos para novas lutas, guerras e batalhas envolvendo um povo que não se cansa e tem coragem para se jogar na zona de conflito em busca do seu ideal.

Para a Bahia ser independente e consequentemente livrar o país das garras do governo português, a partir de 2 de Julho de 1823, foi preciso o povo baiano se organizar para atacar e vencer os inimigos. A Guerra de Canudos é outro exemplo. De 1896 a 1897, o povo pobre do sertão baiano se uniu ao religioso Antonio Conselheiro, fundou a cidade de Canudos e lutou contra o governo federal. Depois de várias batalhas, a cidade com cerca de 25 mil habitantes e 5 mil casas erguidas, foi destruída pelas tropas federais.

Com o passar do tempo chegamos a modernidade e as comunidades voltaram a sofrer por causa do achatamento dessa massa proletária e assim a insatisfação volta a dominar a população: as pessoas; as classes de trabalhadores; as comunidades; as igrejas; os grupos culturais; os estudantes e outros. Em Salvador passamos por uma greve dos rodoviários que durou cerca de 24 horas e, em tão pouco tempo, trouxe prejuízos incalculáveis para empresários e para o povo dependente desse transporte e que foi impedido de chegar no trabalho, na escola, no médico ou no lazer. Para o fim do movimento, as negociações envolveram a prefeitura, Tribunal Regional do Trabalho, empresários e sindicalistas. A categoria, então, ganhou reajuste de 1,1%, acima da inflação.

Por outro lado, o país vive uma nova greve e dessa vez o fato acontece nas rodovias. Os caminhoneiros fecham as principais estradas em protesto para que o governo federal deixe de aumentar abusivamente o preço do óleo diesel. E as consequências para esse movimento são filas imensas de caminhões carregados, cargas sendo estragadas na carroceria dos veículos e falta de mercadoria nas cidades. Outro problemão gerado como reflexo da greve dos caminhoneiros é a falta de alimentos e de combustível em várias cidades. Para se ter ideia, no Sul da Bahia o litro da gasolina pode ser encontrado por R$6,00. No Sudoeste do estado, os postos estão fechados por falta de combustível e na capital, o litro da gasolina já pode ser encontrado por R$5,99.

Diante das amarguras que a nossa população é obrigada a passar por causa de meia dúzia de péssimos comandantes, aos poucos, as pessoas começam a se reorganizar para um movimento maior. No ônibus, no médico, na escola, na praia e no shopping, as conversas são favoráveis a este tipo de luta porque ninguém mais suporta tanto achatamento. O povo, por várias vezes, mostrou que tem “bala” na agulha e está disposto a entrar no campo minado para combater ao invés de ser comprimido pelo sistema. O governo pisa os movimentos e tira a força dos sindicatos, mas ele precisa ouvir e dar atenção ao clamor do povo e desta forma, atender as reivindicações para não ser surpreendido por uma nação faminta por justiça.

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