Rui defende que o PT vire a página do impeachment
O governador Rui Costa defendeu que o seu partido, o PT, “vire a página” e não fique “remoendo o impeachment” da ex-presidente da República, Dilma Rousseff. “Nós temos que virar a página daquele momento. Se a gente ficar remoendo o impeachment, nós não vamos nem dialogar com a sociedade”, afirmou, em entrevista ao site UOL. O petista baiano ressaltou que milhões de pessoas foram às ruas pedir a saída de Dilma do Palácio do Planalto e que não se pode rejeitar os votos daqueles manifestantes. “Nós queremos ou não o voto dessas pessoas [que apoiaram o impeachment] para reconstruir o Brasil? Queremos. Então, não adianta ficar brigando com aquele momento histórico, seus erros, seus acertos. Nós temos que dialogar com a sociedade e chamar quem quer compor o Brasil em novas bases éticas, onde a gente consiga pactuar mudanças estruturais”, pontuou.
O chefe do Palácio de Ondina reiterou que é favor de o PT abrir mão de uma candidatura a presidente, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja proibido de entrar na corrida eleitoral pela Justiça. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) manteve a decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, e ampliou a pena de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês para Lula. Com a permanência da punição, o ex-chefe do Palácio do Planalto deve ter a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base na Lei da Ficha Limpa.
“Não podemos ficar nessa marra de que, se não há um nome natural do PT e se o Lula não puder ser [candidato], por que não pode ser de outro partido? Acho que pode e acho que essa discussão, se ocorrer, no momento exato, nós vamos fazer esse debate”, sem citar nomes de outras possibilidades.
No entanto, nesta semana, Rui Costa teceu elogios ao ex-ministro Ciro Gomes, que será o postulante do PT ao Palácio do Planalto. “É uma pessoa que tem um conjunto de ideias parecido com o meu: de nação, de país, de desenvolvimento. Mas vamos conversar e não adianta apressar as coisas. O Lula vai estar aqui quarta e quinta”, disse, após o ato de filiação do ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Marcelo Nilo, ao PSB. Ainda na entrevista, o governador avaliou que uma eventual prisão do ex-presidente Lula poderia render votos para o PT. No entendimento dele, o encarceramento do ex-chefe do Palácio do Planalto aumentaria um sentimento “de revolta, de indignação”.
Presidente do PT contesta tese do governador
A proposta do governador Rui Costa de o PT “virar a página” do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff não foi bem aceita pela presidente nacional do partido, a senadora Gleisi Hoffmann. “O impeachment [da ex-presidente Dilma Rousseff] foi um golpe contra a democracia que não tem como ser apagado da história. Por isso, a gente não quer votos de quem apoiou o impeachment”, declarou a presidente do PT, em entrevista ao UOL.
Em Salvador, onde participou do Fórum Social Mundial, a congressista reiterou que discorda do chefe do Palácio de Ondina. “Respeito muito o governador Rui Costa e as suas opiniões, mas a posição da direção partidária e majoritariamente da nossa militância não é essa. Nós avaliamos que houve um golpe, foi retirada uma presidenta legitimamente eleita e esse golpe não pode ser esquecido, porque tem consequências nefastas até hoje para a população”, ressaltou, em entrevista à imprensa.
Por Rodrigo Daniel Silva
(Tribuna)