Assembleia realiza sessão especial com o tema “Mulher e Democracia”
O mês de Março, que é dedicado a homenagear, destacar e lutar pelos direitos das mulheres, começou com sessão especial na Assembleia Legislativa. Na tarde de ontem, dia 1º, o evento idealizado pela Bancada Feminina, coordenada pela deputada Neusa Cadore (PT), teve como tema “Mulher e Democracia”. Na oportunidade, foi lançado o livro “O Golpe na perspectiva de Gênero”, organizado por Linda Rubim e Fernanda Argolo, pela Edufba.
Ao refletir sobre o papel das mulheres em espaços de poder, Neusa Cadore disse acreditar que sessões especiais, como a que aconteceu ontem, dá voz a diversos segmentos. “Infelizmente não podemos dizer o mesmo dessa Casa em relação ao número de mulheres, já que somos apenas 8 de um total de 63 cadeiras”, alertou.
A petista lembrou ainda que há poucos dias foi comemorado 86 anos do direito feminino ao voto e que é grande o desafio de ampliar a representação das mulheres nos espaços de poder, pautar nesses espaços as bandeiras de luta e fazer o enfrentamento necessário face às desigualdades de gênero.
O evento, que deu início a agenda do Março Mulher 2018, contou com a presença de duas deputadas petistas Maria del Carmen e Fátimas Nunes; de três secretárias de Estado: Julieta Palmeira, secretária de Políticas para as Mulheres, Fabya Reis, secretária de Promoção da Igualdade Racial, Olívia Santana, e a secretária de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte; a professora Márcia Macedo; o reitor da Ufba, João Carlos Salles; a vereadora de Salvador, Marta Rodrigues (PT); e Elisângela Araújo, coordenadora da Fetraf-CUT.
Para falar sobre o papel da mulher na política, a Bancada Feminina convidou a professora da UFRGS, Celi Regina Jardim Pinto, que alertou sobre as dificuldades impostas às mulheres nos espaços de poder. “Na Câmara Federal não conseguimos chegar a 10% de mulheres eleitas e esta realidade reflete nas Assembleias Legislativas do Brasil”, disse. A pesquisadora ainda apontou a dificuldade dos partidos em cumprir a vaga reservada para mulheres – 30%. E questionou: “Quem controla os recursos partidários? Por que não interessa que mulheres disputem cargos de poder?”.
O mesmo discurso foi endossado pela secretária Olívia Santana. “Precisamos fazer conta de quantas mulheres precisamos e queremos eleger. Isso muda tudo”.
ENSAIOS
Organizado pela professora Linda Rubim e a jornalista Fernanda Argolo, publicado pela Edufba, o livro “O Golpe na perspectiva de Gênero” reúne 12 ensaios que sinalizam os enfrentamentos de gênero, que acompanharam a gestão, a crise do mandato e os impactos da presidenta Dilma Rousseff. Aborda também o aumento do conservadorismo no Parlamento.
“A ausência de discussão de gênero no processo de impeachment de Dilma é muito evidente. Foi uma questão praticamente à margem das discussões, relegada ao status de questão menor”, disse Linda Rubim.
Entre as autoras dos ensaios estão: Eleonora Menicucci, Marcia Tiburi, Vanessa Grazziotin e Olívia Santana. “É preciso elaborar sobre o que nós estamos vivenciando. Este é um livro que precisa extrapolar a academia, é uma publicação que denuncia o quanto estamos fora de todas as possibilidades de poder e o quanto precisamos nos manter em vigilância com o patriarcado”, disse Olívia Santana.