O melhor para o país
É fato que sempre haverá a possibilidade de um pedido de vista, o que atrasaria por tempo indeterminado qualquer desfecho. Mas o Tribunal Regional Federal da 4ª Região fez bem em marcar para o próximo dia 24 de janeiro o julgamento do recurso impetrado pelo ex-presidente Lula contra a decisão do juiz Sérgio Moro de condená-lo a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva na ação que envolve o tríplex do Guarujá, em São Paulo.
O pior dos mundos teria sido deixar o julgamento do recurso para meados de 2018, a poucos meses do início da campanha que elegerá o sucessor do presidente Michel Temer. Uma imprudência dessas poderia por em risco o próprio processo eleitoral. Como ele se daria sem que ninguém soubesse da sorte do atual líder das pesquisas de intenção de voto? Não só Lula, mas também seu partido seriam os maiores prejudicados. Sem falar dos eleitores.
Pelo que disseram, ontem, seus principais dirigentes, o PT não pensa assim. O melhor dos mundos para ele seria que o julgamento ficasse para a última hora. Se absolvido, Lula sairia forte como nunca. Se condenado, entraria com novos recursos na Justiça e poderia seguir candidato e até se eleger. Se condenado e preso, se transformaria em mártir e, de dentro da prisão, acabaria funcionando como o maior cabo eleitoral da sucessão de Temer.
Jamais o PT aceitará qualquer outro resultado que não seja a absolvição de Lula. Como não aceitou o resultado do julgamento que condenou por corrupção seus mansaleiros. Lula, tampouco. Ao sentir-se em perigo depois que o escândalo do mensalão veio a público, Lula fez um pronunciamento na televisão dizendo que fora traído e pedindo desculpas aos brasileiros. Não disse por quem fora traído. Entregou a cabeça do seu ministro José Dirceu, e foi só.
Desde então, passou a repetir que o mensalão foi uma mentira criada para atingi-lo e ao PT. Também o petrolão, outra mentira. Na semana passada, culpou a Lava Jato pela falência do Rio de Janeiro, um Estado assaltado por uma gangue. Lamentou a prisão de ex-governadores do Rio. E disse não acreditar no que foi divulgado pela mídia a respeito do que eles fizeram. Lula e o PT só acreditam no que é dito contra seus adversários.
Mesmo a esses, se lhes pareça conveniente, estendem a mão. Pregam a reconciliação do país, desde sob seus termosos termos. Procedem com a costumeira arrogância que os caracteriza. Não enxergam ou não querem enxergar que seu tempo pode ter passado. (Blog do Noblat)