Política

Nova trapalhada de Temer

Se em Brasília quase todos os políticos sabiam o que estava acontecendo, é razoável supor que o presidente Michel Temer soubesse. Dessa forma, e com a experiência adquirida ao longo de mais de 40 anos de vida pública, seria impensável que cometesse a trapalhada que protagonizou ontem.

Há mais de dois meses que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, articula a adesão ao seu partido de dissidentes do PSB e de outras siglas. Se o movimento crescer até poderá dar origem a um novo partido – o DEM com outro nome. Um Centrão revigorado.

Mais tem se reunido à esquerda e à direita, viajado a Estados do Nordeste no fim de semana para encontros secretos, e discutido o assunto até mesmo no exterior. O manifesto com o programa do novo partido está pronto. E avança em questões que o velho DEM jamais subscreveria.

O que fez o calejado Temer, desconfiado das intenções de Maia que poderá sucedê-lo na presidência da República? Ofereceu-se para uma reunião com os dissidentes do PSB, que contrariando a orientação do partido ainda o apoiam. E lhes abriu a porta do PMDB. Foi um ato de deslealdade com Maia.

Dada à insatisfação que provocou no DEM e no PSB oficial, foi obrigado a recuar e a pedir para jantar com Maia. Explicou-se, fez mesuras, saiu ao lado dele para ser fotografado, mas não reparou o mal que havia feito. Na verdade, Temer tenta demonstrar uma tranquilidade que não tem.

É fato que a oposição ao governo carece, hoje, de 342 votos de deputados para aprovar a denúncia contra Temer por crime de corrupção passiva. Mas ninguém sabe com que ânimo os deputados voltarão das férias depois do reencontro com seus eleitores.

Ninguém sabe ainda – talvez nem ele mesmo saiba – se o procurador-geral da República Rodrigo Janot apresentará mais uma ou mais duas denúncias contra Temer por outros crimes. E ninguém sabe do teor das delações premiadas de Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro.

Não há luz verde no Palácio do Planalto. A luz, ali, é amarela. (Blog do Noblat)

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