Festejos ao Dois de Julho reúnem famílias e têm manifestações na Bahia
Alinhado com as discussões políticas nacionais e locais, o desfile cívico do Dois de Julho, que marca as comemorações da Independência do Brasil na Bahia, contou com protestos contra o governo do presidente Michel Temer e às reformas da previdência e trabalhista, como também com atos de apoio ao juiz Sérgio Moro e à Polícia Federal. O cortejo que marcou o início das celebrações partiu do Largo da Lapinha, em Salvador, na manhã deste domingo (2), em direção à Praça Municipal.
Seguindo as imagens do caboclo e da cabocla, símbolos da luta pela independência, a caminhada foi marcada pela diversidade e forte presença dos movimentos sociais. Foi um desfile de protestos contra o racismo, a violência contra a mulher, a intolerância religiosa, a homofobia e a falta de políticas públicas de moradia e garantia de emprego. O trajeto também teve gritos com pedidos de respeito aos direitos dos animais.
Um dos protestos mais intensos foi contra o governo do presidente Michel Temer. Diversos manifestantes que acompanharam o trajeto levantavam cartazes pedindo novas eleições e criticando os projetos de reformas da previdência e trabalhista.
À frente das mobilizações estavam integrantes de centrais sindicais e movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento Sem Teto de Salvador (MSTS), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Levante Popular da Juventude, o Movimento de Moradia Digna (MMD), o Partido do Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Também houve ato de apoio às investigações da operação Lava Jato, ao juiz Sérgio Moro e à Polícia Federal. O grupo que fazia os pedidos se manteve no Largo da Soledade com cartazes com frases como “Somos Todos Sérgio Moro” e “Em Defesa da Lava Jato”. Os movimentos tiveram o apoio do Movimento Brasil Livre (MBL).
Famílias
Todos as mobilizações foram assistidas por crianças, idosos e famílias inteiras que acompanharam os atos no Centro Histórico de Salvador. Dona Edna Souza acompanhou a festa com a neta, a pequena Nina Safira. “Os desfiles são importantes, porque marcam a história da nossa independência. É sempre bom participar desse momento em família”, contou.
As amigas Maria São Pedro, Morgana Sebastian e Maria José Alves, que são moradoras da região da Lapinha, afirmam que acompanham o cortejo há décadas. “É a nossa maior data, pois é a data que marca a nossa independência. Está tudo lindo e pacífica. Todos os anos assistimos aqui juntas”, detalha Maria São Pedro.
Odinéia dos Santos Santana foi além e usou uma fantasia em homenagem à Maria Felipa, que comandou cerca de 40 mulheres na luta pela independência do Brasil na Bahia. “É um orgulho saber que houve uma mulher envolvida de uma forma tão importante na luta pela independência. Por isso, minha homenagem”.
Tradicionalmente, as celebrações ao Dois de Julho são iniciadas com o hasteamento das bandeiras do Brasil, da Bahia e Salvador. O momento contou com as presenças do governador Rui Costa, do prefeito ACM Neto e do presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGH), Eduardo Morais de Castro.
O governo Rui Costa destacou a importância da data cívica num contexto de crise nacional. “[A data] significa a liberdade, significa o desejo de um país melhor, significa o maior respeito à vontade popular. O Dois de Julho é isso. Dois de Julho consolidou a independência do Brasil. Eu acho ele mais atual do que nunca, nesse momento que o Brasil passa, talvez, por uma das suas maiores crises da sua história”, afirmou.
O prefeito ACM Neto, participou do movimento com a lesão em um dos dedos do pé, também falou da importância da data para a Bahia. “[A data] faz da Bahia um estado diferente no Brasil. Eu aqui, mais uma vez, tendo a oportunidade e o prazer de participar dessa festa”. Neto relatou o acidente e incerteza se participaria do cortejo até o fim. “Ontem eu quebrei o dedo do pé jogando bola. Estou aqui medicado. Vou tentar fazer a caminhada”, comentou.(G1)