A Qualcomm é uma empresa que todo entusiasta por tecnologia conhece, responsável por distribuir a maioria dos processadores de smartphones do mundo. O que pouca gente sabe é que parte da receita da empresa vem de royalties por conta de uma tecnologia proprietária de conexões sem fio que, mesmo que o celular não tenha o chip da Qualcomm, é preciso pagar uma taxa por conta da tecnologia proprietária.

E era isso que a Apple fazia até agora. Fazia. A Apple pagou por muito tempo o direito de usar a propriedade intelectual da Qualcomm em conectar os smartphones até redes sem fio, mas devido a um desacordo com o preço cobrado, decidiu parar de vez até que o processo levado à Justiça seja resolvido, entrando em um pé de guerra.

Cada uma das empresas alegou que a outra é que agiu com má fé, propondo novos termos “irracionais”

Os dois lados acusam a mesma coisa: durante mais de cinco anos, cada uma das companhias tentou renegociar os termos e cada uma delas alegou que a outra “foi irracional e apresentou propostas surreais”. A Maçã simplesmente parou de pagar porque acha que a Qualcomm cada vez mais aumenta o preço sobre os royalties e lucra com uma inovação que não é dela, portanto, suspendeu os pagamentos até a disputa ser resolvida.

A Apple não quer mais pagar os royalties para a Qualcomm

Em contrapartida, a empresa de processadores alega que essa é uma campanha da Apple em atacá-la, criando mais uma vez conflitos nos contratos e utilizando uma “valiosa propriedade intelectual” da Qualcomm. De acordo com a companhia, os contratos existem há mais de uma década e se trata de mais um passo errado.

E quanto a Qualcomm perde com isso?

Primeiramente, é preciso explicar o que a Qualcomm ganha e como. Basicamente, a produtora de processadores recebe uma quantia relativa ao preço do smartphone e ao preço de produção do seu processador, mesmo que ele não seja da própria Qualcomm. O iPhone, por exemplo, custa US$ 650 (R$ 2.100) e o seu chip tem o custo de produção de US$ 20 (R$ 64). Nessa conta, suspeita-se que a Qualcomm recebe US$ 10 (R$ 32) por cada iPhone produzido.

A maior reclamação da Apple é em como a conta é formulada: em vez de ter um valor fixo, o preço é pautado no valor do aparelho, gerando lucro para a Qualcomm com a inovação de terceiros

Colocando na conta que a Apple vendeu cerca de 50 a 55 milhões de iPhones no último trimestre, é uma quantia grande que a Qualcomm parará de receber. O pagamento é terceirizado pela Foxconn, montadora do aparelho.

A Qualcomm pode perder muito dinheiro nesse processo

Contudo, o que a Apple reclama é que essa conta que deve ser paga à Qualcomm é formada com base no preço do aparelho e do processador, e não pelo que de fato a tecnologia da montadora vale. Em outras palavras, quanto mais caro o iPhone, mais caro será a taxa, mesmo que a mesma tecnologia seja utilizada em celulares mais baratos, tornando injusta a cobrança maior.

A sorte da Qualcomm pode estar no descontentamento dos investidores com essa situação, forçando a tomada de decisões legais mais acirradas e agressivas, algo que pode forçar a conclusão dessa “novela” a chegar mais rápido.