Política

Mulheres assumem a chefia de 40% dos lares em Salvador e RMS

Mais de 40% dos lares de Salvador e região metropolitana são chefiados por mulheres. Estas são, em sua maioria, negras, vivem na periferia, não concluíram o ensino fundamental e ganham menos de um salário mínimo. Esses dados têm provocado a discussão sobre a necessidade de implementação de políticas públicas específicas para essas famílias. Com este foco, a vereadora Marta Rodrigues (PT) conduziu na manhã desta quarta-feira (12), no auditório do Edifício Bahia Center, anexo da Câmara Municipal, a audiência pública “Políticas Públicas e a Monoparentalidade Feminina”. O debate contou com a participação da titular da Secretaria Estadual de Políticas para Mulheres (SPM), Julieta Palmeira, e de militantes.
“Com o advento do divórcio na década de 70 as mulheres foram assumindo outros espaços na sociedade. Hoje são responsáveis pelo sustento e educação dos filhos. Essa mudança na configuração social e de família demanda por políticas públicas específicas, por isso precisamos trazer as casas legislativas para esse debate”, disse a vereadora.
A monoparentalidade feminina trata de famílias onde as mulheres solteiras, separadas ou viúvas trabalham para o sustento dos seus filhos, ao mesmo tempo em que assumem a condução das tarefas domésticas. “As políticas atuais não se adequam a essa família parental. É isso que precisamos rever. As iniciativas têm que contemplar as necessidades das mães negras, pobres e com dupla jornada de trabalho”, destacou a titular da SPM, Julieta Palmeira.
“Essa família monoparental feminina corresponde a 90% dos cadastros no Bolsa Família e seus filhos quando crescem compõem grande parte da população carcerária. Essas chefes de família são apartadas da sociedade. Elas necessitam de direitos garantidos pela Constituição, políticas públicas específicas e de longa duração e que se façam projetos de lei como o que garante um auxílio por cada filho, por exemplo”, disse a doutora em História, professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e militante Patrícia Valim.

Dados

Patrícia apresentou dados que mostram também a diferença entre as mulheres brancas e negras que chefiam famílias no Brasil. Entre 2001 e 2010, houve um aumento de 27% para 35% do número de famílias monoparentais no Brasil. Na região nordeste essa média é maior. Essas mães de família trabalham em dupla jornada e recebem metade de um salário mínimo em seu emprego principal, sendo que 11% delas estão desempregadas.
A marisqueira Maridalva Souza, 57 anos, criou dois filhos sozinha. Hoje, tem orgulho de dizer que a filha de 31 anos faz faculdade e o filho tem uma profissão. Marivalda retomou os estudos aos 55 anos e concluiu o ensino fundamental. Agora, já perto de finalizar o ensino médio, tem planos de fazer uma faculdade de Serviço Social. Criar os filhos sozinha deu-lhe também força para se tornar exemplo para outras marisqueiras do Subúrbio.
“A gente não escolhe essa situação. Prover a casa e educar os filhos é muito difícil. Depois de toda essa vivência hoje eu busco fazer um trabalho de conscientização com as mães marisqueiras, pois nós estamos esquecidas na periferia. Precisamos de todo tipo de apoio e não temos, por isso buscamos nos fortalecer”, disse a militante. (Ascom)

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