Setor obstétrico vive colapso em Salvador
O Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), o Conselho Regional de Medicina (Cremeb) e a Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba) fizeram, na terça-feira, 13, um pronunciamento coletivo sobre o iminente fechamento de emergências em maternidades da capital baiana.
Pelo menos duas unidades soteropolitanas – os hospitais Santo Amaro e Sagrada Família – já comunicaram o fechamento desses leitos emergenciais nas maternidades, de acordo com as entidades que representam profissionais do setor.
O presidente do Sindimed, Francisco Magalhães, o diretor do Cremeb, José Augusto da Costa, e o presidente da Sogiba, Carlos Augusto Lino, afirmam que o impacto das desativações sobre o serviço público pode colocar a vida de grávidas em risco, por causa da superlotação das unidades estaduais.
Eles atribuem o fechamento de leitos obstétricos à busca pelo lucro financeiro. Isso porque, segundo os representantes, procedimentos mais caros – como cirurgias oncológicas, bariátricas e ortopédicas – costumam ser ampliados às custas do fim das emergências de maternidades.
“Existe uma peregrinação de gestantes na cidade procurando vagas em emergências. Agora vai piorar. Elas vão dar de cara com as portas fechadas”, afirma Francisco Magalhães, estimando que dois terços dos partos aconteçam de forma espontânea, sem previsão.
A problemática, para os representantes das entidades também tem a ver com as relações de consumo, já que a maioria das grávidas adquire seguros de saúde quando identificam a gestação e, depois, não encontram vagas para dar à luz em hospitais privados.
“Os planos de saúde vendem sem se preocupar com quantos leitos existem, enganam as mulheres, e nada é feito sobre isso”, defende o membro-diretor do Cremeb José Augusto da Costa.
Posições
Na terça, em nota, a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) informou que não há indicativo de redução de leitos na rede própria. Segundo o comunicado, “a atual gestão vem fazendo vários esforços no sentido de ampliar a oferta de leitos” em Salvador e no interior.
“No primeiro semestre de gestão, foram abertos 265 leitos em geral (clínicos, obstétricos, pediátricos e UTIs), distribuídos entre hospitais da rede e através de contratualização”, diz o órgão.
Já a assessoria da Fundação José Silveira, administradora do Hospital Santo Amaro, diz que ainda está sendo discutido o rumo da emergência obstétrica. A maternidade da unidade, no entanto, permanecerá aberta, segundo assessoria de imprensa da entidade.
Confirmada mesmo está a desativação de leitos SUS de emergência obstétrica que eram mantidos no Hospital Salvador por meio de uma parceria entre o Hospital Sagrada Família e a Sesab.
Com o fim do contrato, o aumento do aluguel do espaço e a inauguração de novas vagas de UTI neonatal no Hospital Roberto Santos, o órgão e o hospital resolveram não manter parceria.
(A Tarde)