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Renan, agora o fiador da estabilidade

Em uma semana, o senador Renan Calheiros deu uma guinada tal em seu comportamento político que, ao mesmo tempo, isolou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, agora chamado de “incendiador-geral da República”, e atropelou o vice Michel Temer no papel de articulador político do governo. Ao voltar a se aliar com a presidente Dilma, e apresentar um conjunto de medidas que ficam distantes de aumentos de gastos para o governo, embaladas como “Agenda Brasil”, Renan deu novo fôlego ao governo numa semana crucial que antecede as manifestações de rua programadas para o próximo domingo (16).
O governo já conhece Renan: é um ótimo aliado e um temível adversário. E ele já mostrou que passa de um lado a outro com grande rapidez, sem dar aviso prévio. Neste momento, o governo comemora a mudança brusca de Renan. Ao mesmo tempo, Cunha já o carimbou como alvo destes próximos dias e Temer foi obrigado a “correr atrás” para não perder o que conquistara dias atrás como alternativa confiável para importantes setores da sociedade. Temer almoça nesta quarta com a bancada de deputados do PMDB na Câmara, que vive dividida entre estar contra ou a favor de Cunha.
A mudança de Renan carrega, também, a volta de Romero Jucá ao convívio do governo. Aliás, boa parte desta costura é atribuída a Jucá, que desde o início do ano vem falando que ajuste fiscal apenas não basta e que o governo precisava de “animar a economia”. Foi ao lado de Jucá que Renan se reuniu com os ministros Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Edinho Silva, quando foi selada a programação de ser apresentado um pacote de medidas “pós-ajuste” e que recebeu o nome pomposo de “Agenda Brasil”.
“O Romero é um ‘quadraço'”, encantou-se um ministro que participou da reunião, ao identificar em Romero alguém que tem compreensão da economia e que soube colocar a Levy a necessidade de ampliar medidas para animar a economia e virar a página do ajuste fiscal.
Ao mesmo tempo, nas conversas internas no PMDB, foi por ele mostrado a Renan que o Senado não poderia ficar a reboque da Câmara – uma reação que já contava com o apoio da própria oposição.
“Renan não poderia ser a esteira do Collor em sua briga quase pessoal com Rodrigo Janot; nem esteira para a ‘pauta-bomba’ de Eduardo Cunha ou ser apenas contra-ponto a ele”, completou outro peemedebista.
Michel Temer diz não ter problemas com o fato de Renan emergir como alguém capaz de acalmar os ânimos no país, em papel paralelo ao seu. Ele conta que teve uma sucessão de encontros com Renan nos últimos dias e que trabalharão juntos para o governo superar a crise.
Esta mudança de Renan se deu depois de uma conversa dele com a presidente Dilma, na quinta-feira da semana passada, sem testemunhas.
(G1)

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