É no povo grego que a crise dói mais
O feriado bancário provoca incertezas e problemas práticos para a população. Os gregos, que passarão sete dias com os bancos fechados, não sabem o que vai acontecer com os recursos que têm guardado. Alguns estão com pouco dinheiro em mãos. Hoje, quem mais sofre com a crise é o povo grego.
O Brasil, há 25 anos, passou por feriados bancários, e a população foi quem mais sofreu. No caso grego, os bancos foram fechados até o referendo, que vai decidir se o país aceita ou não o novo acordo com o Eurogrupo.
O anúncio do referendo foi uma surpresa. Até os negociadores gregos souberam da decisão do primeiro-ministro Alexis Tsipras pelo Twitter. Ele, inclusive, já se posicionou: defende o voto no “não”, que significa recusar os termos do acordo. A Comissão Europeia avisou que a recusa tiraria a Grécia da zona do euro.
A saída jogaria a Grécia em um abismo. Como um país nunca abandonou uma união monetária, ninguém sabe ao certo o que aconteceria em seguida. Provavelmente, a Grécia voltaria a usar sua antiga moeda, o dracma, com uma grande desvalorização em relação ao euro. Nesse caso, o povo grego perderá muito mais dinheiro.
Se o “sim” vencer, o primeiro-ministro renunciará e novas eleições serão convocadas.
A estratégia de Tsipras provoca medo na zona do euro e também no mundo. Na segunda-feira, os títulos de Portugal e da Itália, países muito endividados, começaram a cair. O temor é que haja um contágio. Os investidores analisam que, se o Eurogrupo não paga qualquer preço para manter todos os países na união monetária, o destino de outros membros pode ser o mesmo da Grécia. O pior dos casos seria a Itália, uma grande economia, passar por esse problema.
As últimas notícias na manhã desta terça-feira nos jornais gregos, ainda não oficializada, é que as partes voltaram à mesa de negociação. Ainda há uma esperança no fim do túnel.(Blog da Míriam Leitão)
