Droga vai usar defesa do corpo contra câncer
“Quando há a ocorrência de um câncer, proteínas que ficam na superfície do tumor interagem com as proteínas das células de defesa, os linfócitos, impedindo que ele combata o câncer. Os imunoterápicos tiram esse freio dos linfócitos e permitem que eles passem a atuar a favor do paciente”, diz Daniel Herchenhorn, diretor científico do grupo de Oncologia DOr.
No caso do câncer de pulmão do tipo mais comum, o estudo feito com o imunoterápico Nivolumabe, após quimioterapia sem resposta, diminuiu em 27% o risco de morte do paciente.
“É uma esperança para quem não respondeu à químio e em uma fase que não tínhamos muito o que fazer como alternativa”, diz Roger Miyake, diretor médico da Bristol-Myers Squibb no Brasil, laboratório que fez o estudo.
O medicamento já é aprovado nos Estados Unidos e teve seu pedido de registro submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no mês de maio.
De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 27 mil novos casos de câncer de pulmão foram registrados no País em 2014.
Pele
No caso do melanoma, tipo agressivo de câncer de pele, a novidade apresentada no congresso americano foi um tratamento que associa dois imunoterápicos: o Nivolumabe, o mesmo testado contra o câncer de pulmão, com o Ipilimumabe, já aprovado no Brasil e também produzido pela Bristol.
O uso conjunto das duas drogas diminuiu em 30% o tumor em quase 60% dos pacientes que participaram do estudo, mantendo a doença estável por um tempo médio de um ano.
Efeitos
Por não atacar células saudáveis do corpo como a quimioterapia e a radioterapia, a imunoterapia provoca efeitos colaterais diferentes. Não há queda de cabelos, por exemplo, mas o paciente pode manifestar problemas como diarreia e doenças de pele.