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Renan sobe o tom: Dilma não falar no 1º de Maio é ‘ridículo’

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), elevou nesta quinta-feira o tom das críticas que tem feito à presidente Dilma Rousseff. O peemedebista classificou como “ridícula” a decisão da petista de não fazer pronunciamento em rede nacional de rádio e TV no 1º de Maio, Dia do Trabalho. “Essa coisa da presidente não poder falar no dia 1º porque não tem o que dizer é ridícula, ridícula. Isso enfraquece muito o governo”, afirmou, logo depois de sugerir a criação de um pacto pelo emprego.
Temendo manifestações e panelaços, Dilma desistiu do tradicional pronunciamento do dia 1º de Maio e planeja a divulgação de vídeos pelas redes sociais nesta sexta-feira. A fala de Renan une-se à da oposição. Na última terça-feira, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, afirmou que Dilma não iria à televisão porque ela está “envergonhada” e acrescentou que o Brasil tem uma não-presidente, incapaz de dialogar com o país.
Renan avançou nas críticas, afirmando que “não há nada pior do que a paralisia, a falta de iniciativa e o vazio”. Também disse que, no Brasil, existe democracia para deixar “as panelas falarem”. “Nós precisamos todos ouvir o que as panelas dizem. O que nós não podemos deixar de ter no país é iniciativa, é ter o que dizer. Certamente a presidente não vai falar porque não tem o que dizer”, continuou.
Antes um fiel aliado do Planalto, Renan iniciou a atual legislatura com um posicionamento duro em relação ao governo. Chegou a se recusar a participar de jantar com a presidente e devolveu uma medida provisória encaminhada por ela. O nível de tensão, porém, atingiu o ápice há duas semanas, depois de a petista demitir Vinícius Lages, afilhado de Renan, para acomodar o ex-deputado Henrique Eduardo Alves no Ministério do Turismo.
Cargos – Em busca de apaziguar a relação com Renan Calheiros no Senado e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara, Dilma promoveu o vice-presidente Michel Temer ao posto de articulador do governo. O presidente do PMDB, porém, ainda não conseguiu recompor a base. Nesta sexta, Renan disse que o partido tem o papel de dar fundamento programático à coalização de governo. E disparou: “O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que tem de pior, que é o aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar sua participação no governo em uma articulação de RH para distribuir cargos e boquinhas. Isso tudo faz parte de um passado do Brasil que nós temos de deixar para trás”.
Apesar do discurso, Renan tem atuado nos bastidores para manter sua influência no segundo escalão do governo. Um dos principais embates entre o PT e o senador está na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autarquia reguladora vinculada ao Ministério da Saúde. O ministro da Saúde, Arthur Chioro (PT), tenta emplacar no posto Jarbas Barbosa, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério. Mas Renan quer indicar Fernando Mendes, atual diretor adjunto de Coordenação e Articulação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
Renan já conseguiu garantir Jorge Luiz Macedo Bastos no cargo de diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com mandato até 18 de fevereiro de 2018, o que pode atrapalhar seus planos na Anvisa. “Eu sou governo, porque sou presidente do Congresso Nacional. Eu não quero é participar do Executivo. Eu não vou indicar cargos no Executivo, porque esse papel hoje é incompatível com o Senado independente, e eu prefiro manter a coerência do senado independente e não participar de indicações”, disse.
Pacto pelo emprego – Renan convocou a imprensa nesta quinta-feira para anunciar a sugestão de um pacto pela defesa do emprego – iniciativa, segundo ele, realizada sem conversar com a presidente Dilma Rousseff. A ideia do presidente do Senado é definir, aos moldes de metas de inflação e superávit fiscal, uma meta de emprego. O programa daria estímulos aos setores que se destacarem na criação de vagas com contratos governamentais, aumento de crédito dos bancos públicos e a desoneração da folha de pagamento. Segundo Renan, o plano deve ser temporário e durar apenas durante a crise econômica.
“Nós precisamos ter uma diretriz, preencher o vazio e estabelecer uma iniciativa para que a presidente tenha o que comunicar no Dia do Trabalho”, provocou Renan, acrescentando que o pacto seria de autoria dos dois poderes. Ele pretende discutir o plano com especialistas no próximo dia 5, durante sessão temática em plenário.
“Isso não é uma imposição. São ideias, sugestões, propostas. E, quem sabe, a presidente da República enxergue que é uma oportunidade para defender o emprego da mesma forma que defende o ajuste, a meta de superávit e a meta de inflação”, continuou Renan. “Nós que defendemos isso temos de defender uma meta para o emprego. Porque senão quem vai pagar a conta para o ajuste é o trabalhador. Esse ajuste sequer pode ser considerado ajuste fiscal. O ajuste fiscal poderia cortar na carne, no estado, diminuir o número de ministérios e cargos de comissão. Sem fazer isso, o ajuste vai cortar benefícios apenas do trabalhador”.
(Veja)

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