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Pequena e média indústria também sofrem com alta da energia

Quem pensa que os aumentos de energia atingem apenas a grande indústria comete um grave erro. Como lembra o coordenador do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Marcos Galindo, o cenário atinge em cheio empresas de pequeno e médio porte que são intensivas no uso de energia e na geração de empregos.
Atividades como a panificação, movelaria e serralheria, entre outras, têm elevados custos com energia, enumera. “As pessoas podem imaginar que os mais prejudicados com esse cenário são grandes empresas, mas elevação de custo prejudica muito micro e pequenas empresas porque normalmente elas não têm muita margem de manobra para absorver variações muito grandes”, diz Galindo.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria de Salvador (Sindipan), Mário Pithon, com o uso dos fornos elétricos, a conta de luz se tornou um importante fator de custo para a atividade. “Eu não tenho uma média do setor, mas em minha empresa, por exemplo, o impacto no custo total de produção chega aos 6%”, afirma.
Pithon lembra que a maior parte das empresas do setor são pequenas e não tem condições de absorver grandes aumentos de custos. “É impossível absorver e não conseguimos repassar o aumento de custo para o consumidor. O jeito tem sido economizar em tudo o que é possível, cortando despesas”, afirma.
No caso dele, os cortes de despesas em fevereiro, após o reajuste extraordinário, passaram pelo corte de 10 funcionários. “Tínhamos 100 pessoas trabalhando conosco e hoje temos 90. Fizemos as contas e percebemos que era inevitável. A nossa rentabilidade vem caindo e a gente contrata quando está crescendo. As empresas estão no sacrifício”, afirma Pithon.
Térmicas custaram  R$ 61,5 bilhões em oito anos
Sem chuvas capazes de encher os grandes reservatórios das usinas hidrelétricas, o Brasil vem utilizando cada vez mais usinas térmicas à base de petróleo e derivados – o que encarece a produção de energia. Apesar disso, a chefe do Departamento de Competitividade Industrial e Investimentos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Julia Nicolau, considera um equívoco culpar o tempo pelo cenário. 

O problema, acredita ela, são os atrasos nas obras que estavam previstas para ampliar o sistema elétrico. “Não se pode culpar a seca pelo cenário atual. O governo faz previsão de oferta em leilão, com previsões em relação ao tempo de obras. O problema é que os atrasos nos grandes investimentos previstos para o setor são constantes”, ressalta. 

A estimativa, de acordo com um estudo feito pela Firjan,  é que existem 280 obras no setor energético em atraso no país. “Isso nos custou, através do uso de térmicas para compensar esse cenário, R$ 61,5 bilhões, entre 2006 e 2014”, diz. Apenas  em Belo Monte, o maior projeto em implantação, das 50 turbinas previstas, ainda faltam 18, diz ela. “Esse atraso é compensado com as térmicas. A gente paga pela energia que precisa ser resposta”, explica.

Julia Nicolau acredita que é preciso reavaliar a decisão do governo brasileiro de construir hidrelétricas a fio d’água, aquelas que utilizam a vazão dos rios, sem grandes reservatórios de água. “Sem os reservatórios, o sistema fica vulnerável. A potência também é menor. Isso está na raiz do problema que vivenciamos atualmente”, acredita.
Além disso, a alta nas contas é  influenciada por outra questão conjuntural. Durante o processo de renegociação dos contratos com as empresas do setor elétrico, algumas geradoras não aderiram e isso fez com que distribuidoras tivessem que comprar a energia no mercado livre de energia. “O preço no mercado livre está nas alturas e isso está sendo repassado”.
Correio)

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