Políticos baianos comentam os resultados da Operação Lava-Jato
Os procuradores da República que acompanham as investigações da Operação Lava Jato, que embasou a prisão de nove pessoas, incluindo grandes empresários, entre eles o baiano Ricardo Pessoa, informaram que dois investigados, os executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, que acordaram delação premiada, confirmam terem pago cerca de R$154 milhões em propinas a supostos operadores do PT e do PMDB na Petrobras. Informações dão conta de que pelo menos 40 parlamentares do Congresso estariam envolvidos, tanto do PT, PMDB como do PP.
Na Bahia, os respingos da operação começam a chegar. Na sétima fase da operação, o empresário José Adelmário Pinheiro Filho, da construtora OAS, foi preso em Salvador, no Hotel Pestana. E também na lista, o baiano Ricardo Pessoa, presidente da UTC/ Constran, Ricardo Pessoa. Na sétima fase da operação Lava-Jato, ainda tiveram a prisão temporária decretada os presidentes de cinco empresas, entre eles José Adelmário Pinheiro Filho, da construtora OAS, que foi detido em um hotel em Salvador.
O deputado federal eleito Lúcio Vieira Lima (PMDB), ex-presidente do partido na Bahia, além de garantir que a oposição está se articulando para a CPI da Petrobras, afirma que o PMDB, mesmo tendo nomes que possam estar envolvidos no escândalo, dará total apoio à Operação Lava Jato, cujo curso das investigações, na opinião dele, está seguindo bem pela Polícia Federal. “Nós temos que dar total apoio a essa operação. Independentemente de quem tiver envolvido”, avisou.
Para o deputado federal, o resultado da Operação não deverá afetar o seu partido, mas sim os correligionários que estiverem envolvidos e a estrutura política atual do Brasil. “De como está montada. Afetaria o partido se amanhã tiver as acusações e o partido quiser proteger alguém”, adiantou.
Segundo Lúcio Vieira Lima, o PMDB nunca passou a mão em corruptos. Ele aproveita para alfinetar o PT. “Não fazemos como o PT fez em relação ao mensalão. E se tiver alguém envolvido do PMDB, tem que ser punido na área criminal. Esse escândalo supera o caso mensalão. Principalmente porque o PT não se intimidou. O PT não se intimida com prisões e mensalões”, dispara.
Na opinião do presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, o que precisa ser destacado é que pela primeira vez no Brasil é possível notar o alto nível de investigação. “Sem nenhum engavetamento pelo poder central. Ao contrário, total autonomia para os órgãos trabalharem, independentemente da condição econômica ou dos políticos investigados”. Para Everaldo, está claro que a postura do PT é de punir os que estiverem envolvidos. “Não admitimos irregularidades com o poder público”, pontuou.
Reforma Política – O Congresso não deverá sair em pé desse novo escândalo. Pelo menos é o que avaliam os políticos. Tanto para Lúcio, como para o presidente do PT na Bahia, se for concretizado o envolvimento de parlamentares, a imagem da Câmara vai ser muito abalada e descredibilizada.
“E isso será mais uma demonstração da necessidade da reforma política. Acho que isso vai sensibilizar a Câmara para acelerar esse processo. Este caso deslegitima a Câmara para que ela compartilhe a reforma com a sociedade”. Sobre os possíveis ataques que o PT sofrerá da oposição, principalmente em um cenário político que ainda não se arrefeceu após as eleições, Anunciação diz que a legenda está preparada. “Estamos preparados. Porque por incrível que pareça a imprensa tende a deslocar, distorcendo para o PT. E a questão da corrupção no Brasil vem de muitos anos”, pontuou.
Os casos de corrupção investigados pela Operação, já considerada pela oposição como um escândalo que supera o mensalão petista, dão conta de que tal quantia serviria de suborno para garantir que grandes empreiteiras brasileiras executassem seis projetos da Petrobras em obras bilionárias. As informações sobre o pagamento de R$ 154 milhões foram feitas pelos executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal. O Ministério Público Federal (MPF) repassou à Justiça.(TB)