Um voto crítico
Durante esta longa campanha, onde as redes sociais se demonstraram mais eficazes do que a poluentes ações nas ruas com suas faixas, cartazes, santinhos, placas, muros pintados e carros de som, tenho me pautado pelo movimento de mudança.
Mudança pode se traduzir em movimento. Movimento, na minha ótica, pode se traduzir em progresso. O que, na minha humilde opinião, não pode se atribuir ao PT nestes últimos 12 anos de governo onde o Brasil migrou da esperança de um governo popular e progressista a um mar de lama que vem, como um tsunami, varrendo as instituições nacionais.
Saímos de um clamor popular por uma república transparente para o grito de um Brasil sem corrupção. Não sou, como muitos dos meus amigos, um simplista. Ao contrário deles, não enxergo nos programas sociais implantados em lastros pré-existentes, os avanços que tanto alegam no combate a pobreza. Destarte, vejo um Brasil cada vez mais pobre e miserável.
Pobre por que o parâmetro de progresso medi-se em miseres reais que caem nas contas de mais de 22 milhões de brasileiros mensalmente. Ração insuficiente para manter a dispensa por uma semana, mas capaz de manter acorrentados os sonhos de outrora. Desejo de prosperidade, do primeiro emprego. Sonho de criar os filhos com dignidade e vê-los estudar e ser “alguém na vida”. Hoje, o que vemos são gerações e mais gerações de pessoas sem expectativas além da bolsa mensal.
Sou de uma geração que pode sonhar.
Fui criado ao som do rádio enquanto minha mãe e minha avó lavavam e passavam para fora. Criando ouvindo-as dizer que era honrado se manter com o suor do rosto. Tive o prazer de receber das mãos de minha avó, negra lavadeira de roupas e analfabeta, o meu primeiro livro, junto a ele a recomendação: “Estude para ser alguém na vida!”.
Não está no meu espírito o conformismo. Nem tão pouco a passividade, para assistir o progresso célere da desonestidade em detrimento à firmeza de caráter. Não posso deixar de lembrar de Rui Barbosa:
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Mesmo assim, creio que esta eleição é um marco, um divisor de águas, entre o Brasil ofuscado pelo engodo e a demagogia e o Brasil da sensatez. Não poderia deixar de dar o exemplo às minhas filhas ou deixar de ratificar minha crença. Votar contra tudo que ai se apresenta, escondido no discurso bondoso, na promessa fácil e nas ladinas palavras dos mesmos vendilhões da pátria que outrora eram combatidos com o único objetivo de se tomar o poder.
Votarei com a consciência tranqüila, seja qual for o resultado, de que nada tem a perder.
Votarei por um Brasil livre, próspero e forte. Votarei na Esperança de dias melhores sem sombras de ditadores.
Votarei na vida e no direito de que esta chegue para todos. Votarei no trabalho contra a esmola. No sonho contra o ostracismo.
Votarei na crença de um Brasil livre e forte!
Por Jorge Andrade