Dilma terá como desafios unir o País
A nação, após um pleito acirrado que apontou um país dividido e com perspectivas diferenciadas em suas regiões, evidencia desafios administrativos para a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT), a partir de 1º de janeiro de 2015.
Conforme avaliações dos especialistas, políticos e jornalistas, é certo que o resultado apertado impõe à petista um olhar reflexivo para todas as áreas.
A interpretação é de que será preciso rever equívocos e enfrentar questões que têm empurrado problemas para debaixo do tapete nos últimos anos, como a reforma política, incluindo a eleitoral e a tributária, uma das queixas do trabalhador e do empresariado, que continua reclamando dos altos impostos.
Vários segmentos vislumbram um cenário mais difícil para a economia, sendo esse um ponto que não deve ser apenas assunto de campanha. Uma parte que votou na oposição teria mandado o mesmo recado que já ecoava nas ruas em 2013, de que numa alusão à Copa do Mundo dizia que também queria uma saúde, uma educação e uma segurança pública de qualidade.
O tom elevado das campanhas de Dilma e de Aécio Neves que reverberou nas ruas e nas redes sociais pode levar impactos para o Congresso Nacional, onde a presidente terá que usar de habilidade para manter os aliados e não deixar que a oposição atrapalhe os planos referentes às reformas.
O blogueiro do UOL Josias de Souza disse claramente que a eleição deixa “um rastro pegajoso de rancor e incompreensões; na oposição, PT ou PSDB tenderiam a elevar o tom”.
Nesse cenário, o governo Dilma continuará enfrentando um dos assuntos que ajudaram a abalar a sua campanha na reta final: as irregularidades e supostos desvios na gestão da Petrobras, que, segundo a revista Veja, a dirigente nacional e o ex-presidente Lula sabiam – informação essa levada pelo doleiro Alberto Youssef, em depoimento a Polícia Federal.
Apesar de a presidente dizer que as denúncias sumiriam a partir de hoje, há expectativa nos meios de que as investigações continuem. Uma das questões que vão exigir da presidente são as possíveis alterações na Constituição.
Dilma tem ao seu lado PT, PMDB, PSD, PP, PR, PRB, PDT, PROS e PCdoB, sendo necessários 308 votos na Câmara e 49 no Senado. Ainda que esteja com a maioria precisará fortalecer as relações.
Na administração, a área da Fazenda traz tendência de mudança, já que, durante a corrida, Dilma afirmou que o ministro Guido Mantega não continuará no cargo.
O principal ponto a ser corrigido, de acordo com especialistas, é o retorno do crescimento da economia, o combate à inflação que pode bater o teto máximo no final deste ano e ao mesmo tempo a manutenção de uma taxa maior de empregos.
A maioria dos economistas defende que a presidente terá a obrigação imediata de anunciar medidas fortes e adequadas para determinar a retomada do ritmo de atividades na indústria, comércio, comércio exterior, construção civil e serviços, principais alimentadores da expansão da economia.
Muitos empresários dizem que têm arcado com impostos, tributos, contribuições, juros e multas que acabam comprometendo a movimentação anual, gerando em consequência enorme dificuldade para a disponibilidade de capital de giro.
A infraestrutura do País, com as melhorias nas rodovias, construção e término das obras das ferrovias, como a Oeste – Leste, mais conhecida como Fiol, e portos são algumas das intervenções que merecem atenção para melhorar a produtividade do país.
A palavra de ordem seria a de que o setor produtivo aguarda com ansiedade as soluções anunciadas para esses vetores.
Saúde e segurança
A saúde, apontada como uma das maiores fragilidades do governo Dilma, embora a presidente tenha sinalizado para algumas intervenções, é outra área de enorme clamor por melhorias pela maioria da população, que sofre com filas intermináveis nos hospitais, que acabam não dispondo da estrutura necessária de atendimento.
Além disso, a educação seria o item principal para a verdadeira mudança. Ela prometeu uma “transformação na qualidade do ensino”, a partir do uso de recursos provenientes da exploração do petróleo do pré-sal e do pós-sal, seguindo legislação sancionada pelo governo em setembro de 2013.
Na área de segurança pública, uma preocupação é com a maior cobertura nas fronteiras do país, no combate ao tráfico de drogas e armamentos.
Uma das promessas é incentivar a adesão dos estados aos programas Brasil Seguro e Crack e É Possível Vencer. Ela falou também sobre a criação de uma Academia Nacional de Segurança Pública, para formação conjunta das polícias, formulação e difusão de procedimentos operacionais padronizados e formação de analistas.
De certo é que a presidente Dilma Rousseff terá um eleitor muito mais atento, em comparação com o fechamento das urnas de 2010.
(Tribuna)