Cientistas demonstram comunicação direta entre cérebros
Um grupo de neurocientistas e especialistas em robótica demonstrou que a comunicação direta entre cérebros é possível. A pesquisa, publicada em agosto no periódico Plos One, promoveu a transmissão de palavras, com o auxílio de computadores e da internet. A tecnologia foi testada com pessoas que estavam a cerca de 8.000 quilômetros de distância umas das outras — na França e na Índia.
“Nós queríamos descobrir se seria possível fazer a comunicação direta entre duas pessoas captando a atividade cerebral de um indivíduo e transmitindo a outro bem longe dali”, disse Alvaro Pascual-Leone, professor de neurologia da Faculdade de Medicina de Harvard. De acordo com Pascual-Leone, o objetivo dos pesquisadores era testar a possibilidade de uma nova forma de comunicação, na qual não fosse preciso falar ou digitar — e eles conseguiram.
Estudos anteriores já estabeleceram comunicação entre o cérebro humano e o computador. Nesses casos, eletrodos presos no couro cabeludo de uma pessoa captam as correntes elétricas do cérebro enquanto ela pensa em uma ação, como mover um braço ou perna. O computador então interpreta o sinal recebido, e um robô executa o movimento, por exemplo. Na nova pesquisa, porém, outro humano era o interlocutor.
Comunicação — Quatro voluntários, entre 28 e 50 anos, participaram do estudo, sendo um deles o emissor da mensagem, e os outros três, receptores. Usando o eletroencefalograma, os pesquisadores captaram a atividade cerebral do indivíduo transmissor, localizado na Índia, equivalente à pronúncia das palavras “hola” e “ciao” e as traduziram para o código binário (linguagem composta por 0 e 1). Eles então enviaram esse código para a França, onde estavam os participantes que receberiam a mensagem.
Uma interface computador-cérebro transmitiu a mensagem para os três receptores, por meio de estimulação não-invasiva. Os receptores visualizaram um fenômeno conhecido como fosfeno, caracterizado pela sensação de ver manchas luminosas mesmo na ausência de luz. Essas pessoas haviam sido treinadas para “traduzir” as manchas para 1 ou 0 conforme o lugar em que elas se formavam. Assim, eles conseguiram reconstituir as palavras transmitidas.
(Veja)