Multidão acompanha o cortejo fúnebre de Eduardo Campos
O cortejo fúnebre do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos deixou o Palácio do Campo das Princesas, onde era velado desde as 2h da manhã de domingo, pouco antes do previsto, às 16h45. Cerca 150 mil pessoas acompanham nas ruas do Recife o trajeto que termina no Cemitério de Santo Amaro. A família do político — sua mulher, Renata, sua mãe, Ana Arraes, e os quatro filhos mais velhos, Pedro, João, Maria Eduarda e José — segue no carro de bombeiros que leva o caixão. Com eles, está a sucessora de Campos na corrida presidencial, Marina Silva.
Velório — Os nomes mais proeminentes da República se dirigiram ao Recife, na manhã deste domingo, para prestar homenagem a Eduardo Campos, morto na última quarta-feira após um acidente aéreo em Santos, no litoral paulista. Contudo, a maioria dos senadores e governadores, assim como a presidente Dilma, deixou a missa campal celebrada no Palácio antes do fim, num intento de evitar o assédio.
Por volta de 11h, Dilma saiu primeiro e, apressada, não quis dar declarações à imprensa. Estava acompanhada do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, do ex-presidente Lula, do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e do candidato petista ao governo do Estado, Alexandre Padilha. Abordada por algumas pessoas que estavam no evento, Dilma abraçou crianças e negou um pedido de foto: “eu te prometo que em outra ocasião eu tiro as fotos que você quiser”, disse. Ao chegar, por volta de 10h10 da manhã, a presidente foi recebida com vaias pela população.
Durante o velório, Dilma, o candidato tucano Aécio Neves e Marina Silva se encontraram ao redor do caixão do ex-governador pernambucano. Contudo, a interação entre os adversários não foi além de cumprimentos cordiais. Na saída, Aécio foi o único a dar declarações — e também o único tucano a comentar as vaias sofridas por Dilma. “Eu acho que, numa hora dessas, qualquer hostilidade é injustificada. Acredito que a presidente esteve aqui hoje trazendo sua homenagem a um amigo com que ela conviveu boa parte do governo Lula”.
O candidato do PSDB também evitou falar sobre a campanha. “Hoje não estou aqui como candidato, e sim como amigo. Hoje vocês vão me permitir não entrar na análise política, pois seria uma intromissão indevida”, afirmou. Aécio foi categórico ao elogiar a força de Renata Campos. “É uma mulher extraordinária. Não só agora, mas ela sempre foi assim”, disse o tucano, reiterando que, no momento de encontro com seus adversários, não houve espaço para qualquer comentário sobre política, em respeito, sobretudo, a Campos e sua família. “Quem deve brigar são as ideias, não as pessoas”, afirmou. O tucano disse ainda que contava com Campos para sua caminhada em busca de um “Brasil novo”, ainda que estivessem em partidos opostos. “Nunca imaginei construir um projeto de um Brasil novo, independentemente de posições partidárias, em que não estivéssemos juntos. Todas as nossas conversas apontavam nessa direção”.
Assim como Dilma, Marina Silva também saiu calada. Seus assessores afirmaram que a ex-senadora se dirigiria ao hotel para descansar, pois havia dormido pouco. Marina acompanhou a família de Campos até a base aérea de Recife para receber o corpo do ex-governador, seguiu com o cortejo até o Palácio e ali permaneceu durante toda a madrugada, sempre ao lado da viúva, Renata. Por volta de 6h, Marina voltou ao hotel para descansar, retornando ao velório apenas para a missa campal. (Veja)