Empresas aéreas investem em mordomias para a primeira classe
As empresas aéreas que mantêm voos internacionais estão oferecendo suítes particulares para passageiros de primeira classe, refeições três estrelas e atendimento somente encontrado em aviões corporativos. Elas fornecem massagens antes da decolagem, conduzem os passageiros por guichês especiais da alfândega e os levam em limusines particulares até o avião. Alguns têm bares. Uma companhia área instalou chuveiros a bordo.As comodidades no fundo do avião? Poucas.
As empresas aéreas estão engajadas numa batalha global pelos altos executivos e os super-ricos nas rotas internacionais. Embora somente alguns privilegiados possam pagar US$ 15 mil para voar na primeira classe de Nova York a Cingapura ou Sydney, as companhias apostam que a imagem luxuosa que projetam na frente atrai passageiros para o resto do avião. Isso inclui uma classe executiva crescente com ofertas que já foram exclusividade da primeira classe.
Primeira classe é “status”
Embora a primeira classe agora represente menos de cinco por cento dos lugares nas rotas de longa distância, e a executiva responda por 15 por cento, a soma dessas poltronas gera de 40 por cento a 50 por cento das receitas de uma companhia aérea, segundo Peter Morris, economista-chefe da Ascend, consultoria do setor de aviação.
Como regra geral, a classe executiva custa de cinco a dez vezes o preço de um bilhete econômico, enquanto a primeira classe costuma custar o dobro da executiva. “A primeira classe”, disse Brett Snyder, presidente da Cranky Concierge, site de assistência para viagens aéreas, “é status”.
Até a década de 1980, a primeira classe tinha mais espaço do que a econômica, mas não era tão chique. As poltronas na frente ofereciam mais espaço para as pernas, mas não reclinavam mais do que 40 por cento. A comida também era melhor na primeira classe, embora as refeições da econômica fossem melhores do que agora. Com a globalização, principalmente com o crescimento asiático, os passageiros passaram a exigir mais da primeira classe, especialmente nos novos aviões que podiam realizar rotas mais longas sem escalas.
As companhias aéreas expandiram o foco, antes limitado a Londres , Paris e Nova York , para centros econômicos emergentes como Hong Kong, Xangai e Dubai .
“Decerto, o passageiro de primeira classe é uma pessoa muito graduada dentro da empresa, vindo de uma longa viagem de volta ao mundo, e provavelmente fazendo algo muito importante para os negócios”, afirmou John Slosar, CEO da Cathay Pacific Airways. “Ele quer poder dormir, trabalhar no discurso, quem sabe tomar um banho no desembarque, para chegar à toda.”
De olho na Ásia e no Oriente Médio
A British Airways esteve entre as primeiras empresas áreas a mudar a definição do que a primeira classe deveria significar, oferecendo poltronas que se transformavam em camas nos voos longos, durante a década de 1990.
Nos últimos anos, as companhias aéreas mais agressivas a acrescentar toques de classe à primeira classe vieram da Ásia e Oriente Médio, entre elas Cathay Pacific Airways e Singapore Airlines. A Emirates, sediada em Dubai, passou a oferecer suítes pessoais para passageiros da primeira classe em 2003 e, em 2008, instalou para eles dois chuveiros no Airbus A380.
As empresas aéreas europeias logo reconheceram a ameaça. A Air France, por exemplo, agora tem sala de espera para a primeira classe em Paris, com spa e restaurante atendido pelo chef Alain Ducasse . Os funcionários da imigração entram na sala de espera para verificar os passaportes e os passageiros são conduzidos ao avião numa limusine, poucos segundos antes de as portas fecharem.
Porém, as companhias áreas dos EUA demoraram mais a reagir, principalmente porque somente agora conseguiram verba para atualizar as cabines. Agora, elas têm pouca escolha. As rivais internacionais estão começando a invadir ainda mais os mercados domésticos, além de Nova York e Los Angeles . A Emirates, por exemplo, anunciou que começaria a voar entre Dubai, Dallas e Seattle no começo do ano que vem.
“Se não reformar as cabines, você fica apenas com as rotas menos rentáveis”, disse Morris. “Não existe opção.”
(IG)