Governo vai privatizar o mercado da raspadinha
O governo federal prepara uma megalicitação para passar à iniciativa privada toda a operação das loterias instantâneas (as “raspadinhas”), incluindo a criação de novos jogos, atribuição exclusiva da Caixa Econômica Federal.
O assunto é tocado pela direção da Caixa. Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a abertura do mercado de loterias instantâneas no País pode render aos cofres públicos cerca de R$ 15 bilhões em cinco anos.
O processo está sendo feito sob medida para abrir o mercado de loteria instantânea a empresas internacionais. A Scientific Games, maior empresa de loteria do mundo, que opera a Mega Millions nos Estados Unidos, já participou de reuniões na Caixa sob pretexto de contribuir com sugestões para um processo que pode beneficiá-la ao final.
A empresa, inclusive, abriu uma filial no País – uma das exigências para as estrangeiras participarem do certame. A Caixa prevê remunerar a empresa que vencer a licitação com um porcentual sobre os valores arrecadados pela loteria instantânea.
O superintendente nacional de Loterias da Caixa, Gilson César Pereira Braga, afirmou à reportagem que o modelo de licitar toda a cadeia dos jogos de loteria instantânea é exigência dos grupos estrangeiros e confirmou ter se reunido com a Scientific e outras seis empresas para discutir o assunto.
Para não ter de alterar a legislação, a Caixa, que detém o monopólio das loterias no País, continuará “dona” do negócio, mas a operacionalização (pré-produção, produção, logística, telemarketing, venda, pós-venda, suporte) passará toda a uma única empresa ou a um consórcio de companhias privadas, que pode misturar empresas nacionais e internacionais. Atualmente, apenas a distribuição, pelos Correios, e a impressão são terceirizadas.
A empresa que vencer a licitação ficará responsável até mesmo pela abertura de novos pontos de venda. As “raspadinhas” poderão ser vendidas não apenas em casas lotéricas, mas também em máquinas de autoatendimento.
(Exame)