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Voto aberto: um teatro com cortina fechada

Por Jeremias Silva
O voto secreto ainda é um tabu nas casas legislativas pelo país, e em assim sendo, ainda causa tremores e calafrios entre os parlamentares. O receio de que a sociedade tome conhecimento de suas decisões nos temas de interesse coletivos assombra aqueles que não caminham com a ética e a honestidade.
Em Salvador, mais uma discussão vazia tenta promover o voto aberto nas votações realizadas na Câmara Municipal onde alguma matéria polêmica seja alvo de determinada apreciação entre os vereadores. Factoide, apenas factoide. Todo legislador quando chega quer mostrar lisura e transparência ao indicar aos seus pares que as votações sejam às claras.
O jurássico Regimento Interno da CMS será o dispositivo utilizado para que os amedrontados possam alegar que não podem declarar suas escolhas no plenário quando o assunto causar desconforto político. As punições previstas podem culminar com a perda do mandato. A reforma do “caderno de condutas” dos vereadores pode derrubar esse véu que muitas vezes esconde atos imorais e escolhas diferentes que aquelas ditas pelos políticos.
O voto secreto deixa os legisladores em uma zona de conforto, pois se fossem obrigados a proferir suas decisões em plenário, a nossa cidade seria um lugar melhor para viver. Perguntar sobre voto aberto em uma cidade como Salvador deixa vereadores sem respostas sensatas sobre o tema. Imaginar que teremos voto aberto é o mesmo que pedir para ver o rosto cansado de atores de uma peça surreal após o fechar das cortinas.

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