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Em defesa da plena democracia interna no Partido dos Trabalhadores

Nesta quinta-feira, 22, comemoramos 102 anos do início da Revolta da Chibata, em minha opinião um movimento social dos mais importantes de nossa História. Foi quando os marinheiros brasileiros, em sua maioria negra, disseram não às injustiças e punições com castigos físicos. As faltas graves eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). O líder da revolta mais conhecido foi João Cândido, conhecido como o Almirante Negro.

Faço essa introdução para deixar bem claro que aqueles que são considerados “os de baixo” não podem e não devem se calar nunca e em nenhuma situação. Dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) aprendi que a democracia é um princípio universal. Deve sempre prevalecer e ser respeitada. Nada ou ninguém está acima do coletivo, da maioria e todas e todos devem ser ouvidos e se expressar.

Sei que 2014 ainda está longe, porém, a distância não é tão longa assim. Sério ou não, em reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, o governador Jaques Wagner apresentou os secretários da Casa Civil e Planejamento, Rui Costa e José Sérgio Gabrielli, para a presidenta Dilma Rousseff como seus favoritos à disputa do governo da Bahia.

Creio que este assunto deve ser tratado com o conjunto dos filiados do Partido dos Trabalhadores e não apenas pela cúpula partidária. Eu, por exemplo, acredito que os dois nomes não são os únicos dentro do PT. Temos o senador Walter Pinheiro, os prefeitos Luiz Caetano e Moema Gramacho e eu pessoalmente apontaria os deputados federais Luiz Alberto e Valmir Assunção, um líder nascido da luta pela Reforma Agrária e com uma história de vida que nos honra.

Considero que o debate interno deve ser realizado de forma profunda que deve culminar com a realização de prévias no PT da Bahia. Esse método não expõe o partido a um processo de desgaste entre as lideranças, fragilizando o processo de construção da candidatura majoritária.

O PT precisa oxigenar sua liderança, sair dos acordos de cúpula, de gabinete, e fazer valer sua democracia interna. Precisa reatar os laços com a sua base social e política, ir para os bairros, conversar com as pessoas, sentir os problemas que atingem a classe que dá nome ao partido: os trabalhadores.

O PT não pode ser igual aos partidos dos patrões que só decide o candidato em reunião de caciques. Coloco aqui minha opinião para que o PT avalie e que o debate se realize de forma fraterna, ampla e democrática. Debate e prévias no PT acaba com o jogo de cartas marcadas. Democracia interna significa dar um passo a mais em nossa organização pela base, outro patamar na luta social na Bahia fortalecendo os laços de solidariedade de nossa população, rompendo com o pragmatismo eleitoral e reforçando a opção pelo “modo petista de governar”. É nisso que acredito.

Encerro afirmando que os 102 anos da Revolta da Chibata deixam claro que as decisões devem ser democráticas e baseadas na vontade da maioria. Por mais serviços prestados que tenham os atuais dirigentes partidários, o governador Jaques Wagner e os candidatos apontados, nenhuma decisão será válida e justa se o conjunto da militância e filiados não forem ouvidos. Democracia interna já e sempre!

*Luiz Carlos Suíca é militante do Movimento Negro Unificado, coordenador do Departamento Jurídico do Sindilimp-BA, bacharel em História e acadêmico de Direito, vereador eleito em Salvador pelo PT (8.222 votos).

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