Em defesa da plena democracia interna no Partido dos Trabalhadores
Faço essa introdução para deixar bem claro que aqueles que são considerados “os de baixo” não podem e não devem se calar nunca e em nenhuma situação. Dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) aprendi que a democracia é um princípio universal. Deve sempre prevalecer e ser respeitada. Nada ou ninguém está acima do coletivo, da maioria e todas e todos devem ser ouvidos e se expressar.
Sei que 2014 ainda está longe, porém, a distância não é tão longa assim. Sério ou não, em reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, o governador Jaques Wagner apresentou os secretários da Casa Civil e Planejamento, Rui Costa e José Sérgio Gabrielli, para a presidenta Dilma Rousseff como seus favoritos à disputa do governo da Bahia.
Creio que este assunto deve ser tratado com o conjunto dos filiados do Partido dos Trabalhadores e não apenas pela cúpula partidária. Eu, por exemplo, acredito que os dois nomes não são os únicos dentro do PT. Temos o senador Walter Pinheiro, os prefeitos Luiz Caetano e Moema Gramacho e eu pessoalmente apontaria os deputados federais Luiz Alberto e Valmir Assunção, um líder nascido da luta pela Reforma Agrária e com uma história de vida que nos honra.
Considero que o debate interno deve ser realizado de forma profunda que deve culminar com a realização de prévias no PT da Bahia. Esse método não expõe o partido a um processo de desgaste entre as lideranças, fragilizando o processo de construção da candidatura majoritária.
O PT precisa oxigenar sua liderança, sair dos acordos de cúpula, de gabinete, e fazer valer sua democracia interna. Precisa reatar os laços com a sua base social e política, ir para os bairros, conversar com as pessoas, sentir os problemas que atingem a classe que dá nome ao partido: os trabalhadores.
O PT não pode ser igual aos partidos dos patrões que só decide o candidato em reunião de caciques. Coloco aqui minha opinião para que o PT avalie e que o debate se realize de forma fraterna, ampla e democrática. Debate e prévias no PT acaba com o jogo de cartas marcadas. Democracia interna significa dar um passo a mais em nossa organização pela base, outro patamar na luta social na Bahia fortalecendo os laços de solidariedade de nossa população, rompendo com o pragmatismo eleitoral e reforçando a opção pelo “modo petista de governar”. É nisso que acredito.
Encerro afirmando que os 102 anos da Revolta da Chibata deixam claro que as decisões devem ser democráticas e baseadas na vontade da maioria. Por mais serviços prestados que tenham os atuais dirigentes partidários, o governador Jaques Wagner e os candidatos apontados, nenhuma decisão será válida e justa se o conjunto da militância e filiados não forem ouvidos. Democracia interna já e sempre!
*Luiz Carlos Suíca é militante do Movimento Negro Unificado, coordenador do Departamento Jurídico do Sindilimp-BA, bacharel em História e acadêmico de Direito, vereador eleito em Salvador pelo PT (8.222 votos).