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Com alta evasão escolar, BA tem alto percentual de adultos com nível superior completo

A Bahia é um dos líderes nacionais em defasagem e abandono escolar entre adolescentes e jovens, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento aponta que o abandono escolar começa a se apresentar no grupo etário de 11 a 14 anos. Nessa faixa etária, 2 em cada 10 crianças na Bahia (19,9%) já não estão cursando o segundo ciclo do ensino fundamental.

Esse percentual mais que dobra entre os adolescentes de 15 a 17 anos. Nessa faixa etária, pouco mais de 4 em cada 10 pessoas (44,6%) ou já saíram da escola ou ainda não chegaram ao ensino médio.

Como consequência disso, conforme a pesquisa, em 2018 apenas 1 em cada 10 adultos baianos (10,1%) concluíram um curso universitário, o segundo menor percentual do país, acima apenas do verificado no estado do Maranhão (8,6%).

Em média, no Brasil, 16,5% das pessoas de 25 anos ou mais de idade tinham curso superior completo em 2018, nível de instrução alcançado por 1 em cada 3 pessoas no Distrito Federal (34,3%) e 1 em cada 5 em São Paulo (21,7%) e no Rio de Janeiro (20,1%).

Na Bahia, o percentual de adultos com nível superior teve leve aumento de 2017 (9,9%) para 2018 (10,1%), período em que o estado foi ultrapassado, nesse indicador, por Alagoas (de 8,4% em 2017 para 10,3% em 2018) e Pará (de 9,1% para 10,7%).

Abandono

A pesquisa do IBGE aponta que o início do percurso escolar na Bahia está muito perto da universalização. Aos 4 ou 5 anos, quando a educação passa a ser obrigatória, pouco mais de 9 em cada 10 crianças baianas estão na pré-escola, 96,8% do total. É a quarta maior taxa de escolarização para essa faixa etária entre os estados brasileiros e está acima da média nacional (92,4%).

Na etapa seguinte, praticamente todas as crianças de 6 a 14 anos na Bahia frequentam a escola (99,2%), assim como ocorre no país (99,3%) e em todos os estados, que têm taxas acima de 98%.

O problema, no entanto, se dá no grupo etário de 11 a 14 anos, quando a defasagem/abandono começa a se intensificar.

Em 2018, a taxa ajustada de frequência escolar líquida entre as pessoas de 15 a 17 anos, que mede quantas delas estão na escola e cursando o nível de ensino adequado à idade, refletindo repetência e evasão escolar, era de 55,4% na Bahia, a segunda mais baixa do país, acima apenas da verificada em Sergipe (50,8%).

No Brasil, a taxa ajustada de frequência escolar entre adolescentes era de 69,3%, o que significa que 3 em cada 10 pessoas de 15 a 17 anos ou já haviam deixado a escola ou estavam defasadas. A taxa era maior (ou seja, a defasagem/ abandono era menor) em São Paulo (80,9% dos adolescentes estavam no ensino médio) e em Mato Grosso (76,8%).

A defasagem/abandono escolar na Bahia praticamente duplicava novamente na faixa etária seguinte. Em 2018, pouco mais 8 em cada 10 jovens de 18 a 24 anos ou haviam abandonado a vida escolar ou ainda não tinham chegado à universidade. O estado tinha a menor taxa ajustada de frequência líquida do país para esse grupo etário: 16,0%.

No Brasil como um todo, 1 em cada 4 pessoas de 18 a 24 anos estava cursando o ensino superior em 2018 (25,2%), taxa que atingia seus maiores níveis no Distrito Federal (42,9%) e em Santa Catarina (31,9%).

Abandono é menor entre mulheres e brancos

Na Bahia, tanto entre os adolescentes de 15 a 17 anos quanto entre os jovens de 18 a 24 anos, as mulheres estão mais ajustadas ao percurso escolar que os homens, e as pessoas que se declaram brancas estão mais ajustadas que as pessoas que se declaram pretas ou pardas, ainda conforme o levantamento.

No ensino médio, a desigualdade por sexo é significativamente mais representativa que a desigualdade por cor. Em 2018, entre as mulheres de 15 a 17 anos, 63,5% cursavam o ensino médio, frente a 47,4% dos homens. Entre as pessoas brancas, 57,9% estavam no ensino médio, frente a 55,1% entre pretos ou pardos.

Já no ensino superior, a desigualdade por cor é maior que a desigualdade por sexo. Dentre as mulheres baianas de 18 a 24 anos, 18,2% estavam na universidade em 2018, frente a 14,0% dos homens. Entre as pessoas que se declaravam brancas, 21,1% estavam no ensino superior, frente a 15,1% dos pretos ou pardos.

As desigualdades por sexo e cor ou raça na defasagem/abandono escolar se refletem no perfil das pessoas que tinham nível superior em 2018, na Bahia. Enquanto 10,1% das pessoas de 25 anos ou mais de idade tinham concluído a universidade, o percentual era de 12,2% entre as mulheres, frente a 7,7% entre os homens. Assim como também era maior entre os que se declaravam brancos (17,9%) do que entre os pretos ou pardos (8,4%).

Enquanto as mulheres representavam pouco mais da metade da população baiana em geral (51,6%), eram 6 em cada 10 pessoas com nível superior completo (64,4%). No caso das pessoas de cor branca, a sobre representação entre os que tinham nível superior completo era ainda mais evidente. Enquanto, em 2018, os que se declaravam brancos representavam 18,1% da população baiana em geral, eram quase 7 em cada 10 adultos com ensino superior (67,2%).

Baixa média de anos de estudo

A pesquisa ainda aponta que, em média, as pessoas de 25 anos ou mais de idade da Bahia haviam estudado 7,9 anos, ou seja, não tinham atingido o total de anos de estudo equivalente ao ensino fundamental completo (9 anos).

A média de anos de estudo na Bahia ficava abaixo da verificada no Brasil com um todo (9,3 anos) e era a 5ª mais baixa entre os estados, empatada com Sergipe. Alagoas (7,3), Piauí (7,4) e Maranhão (7,5) tinham as menores médias de anos de estudo, enquanto Distrito Federal (11,4), Rio de Janeiro (10,5) e São Paulo (10,4) tinham as maiores.

Em 2018, as mulheres baianas tinham, em média, 8,4 anos de estudo, já os homens tinham 7,4 anos de estudo. As pessoas que se declaravam brancas tinham 8,8 anos de estudo, enquanto os pretos ou pardos tinham 7,7.

O número médio de anos de estudo reflete o nível de instrução alcançado pelas pessoas de 25 anos ou mais de idade, e, na Bahia, em 2018, só 4 em cada 10 adultos (39,7%) haviam concluído a educação básica, ou seja, haviam terminado o ensino médio. Esse percentual apresentou uma variação positiva em relação a 2017, quando havia ficado em 38,7%. O aumento, porém, não foi estatisticamente significativo.

Na BA, 28,2% não estudam e nem trabalham

Na Bahia, o percentual de pessoas de 15 a 29 anos de idade que não estavam estudando e nem trabalhavam avançou pelo segundo ano consecutivo e chegou a 28,2% em 2018, o que representava quase 1 milhão de pessoas nessa situação (962 mil). Em 2016, esse percentual era de 24,9% e, em 2017, de 27,3%.

O aumento de 2017 para 2018 se concentrou entre os mais jovens (de 8,1% para 9,6% das pessoas de 15 a 17 anos de idade) e mais velhos (passou de 34,1% para 36,6% entre os de 25 a 29 anos), mas teve um discreto recuo entre os jovens de 18 a 24 anos, de 32,5% para 31,5%.

Também cresceu mais entre as mulheres (de 33,3% para 34,5%) e entre as pessoas que se declaravam pretas ou pardas (de 27,8% para 28,3%). Em 2018, 21,9% dos homens de 15 a 29 anos não estudavam nem trabalhavam e 27,0% das pessoas que se declaravam brancas estavam nessa situação.

Analfabetismo

Em 2018, 12,7% das pessoas de 15 anos ou mais de idade na Bahia eram analfabetas, ou seja, 1,483 milhão de baianos nesse grupo etário afirmavam que não sabiam ler nem escrever um bilhete simples. Esse contingente teve um aumento pequeno em relação a 2017, quando eram 1,465 milhão de analfabetos no estado, e a taxa não cedeu, ficando a mesma (12,7%).

O analfabetismo na Bahia, assim como no Brasil em geral, está fortemente relacionado à idade, aponta o IBGE.

No estado, quase 9 em cada 10 analfabetos, em 2018, tinham 40 anos ou mais de idade (87,6% ou 1,294 milhão de pessoas), enquanto metade (50,5%) eram idosos, de 60 anos ou mais (749 mil pessoas). O envelhecimento populacional fez esses dois contingentes crescerem entre 2017 e 2018, quando eram de 1,264 milhão e 714 mil respectivamente.

Na Bahia, 1 em cada 3 pessoas de 60 anos ou mais de idade afirmava ser analfabeta em 2018 (35,3%), percentual que era mais que o dobro do calculado para o total de pessoas de 15 anos ou mais (12,7%). A situação é pior para os idosos que se declaram pretos ou pardos: quase 4 em cada 10 deles (37,4%) eram analfabetos, o que representava 615 mil pessoas.

No Brasil, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade em 2018 era a metade da verificada na Bahia: 6,8%, o que representava 12,4 milhões de pessoas que não sabiam ler nem escrever. Dessas, 87,9% tinham mais de 40 anos e 53,1% eram idosos. A taxa de analfabetismo para as pessoas de 60 anos ou mais de idade, no país, chegava a 18,6%.

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