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Asma não tem cura, mas sintomas podem ser minimizados

Aquela tosse seca, chiado no peito, dificuldade para respirar, respiração rápida e curta são os efeitos de uma doença crônica que não tem cura, mas com o tratamento adequado os sintomas podem melhorar e até mesmo desaparecer ao longo do tempo. Estamos falando da asma, uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela dificuldade da entrada e saída de ar dos pulmões, devido à inflamação das vias aéreas.

No Dia Mundial de Combate a Asma, Hisbello Campos, pneumologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), explica que a doença é resultado da integração entre alterações genéticas e fatores ambientais e biológicos. “Quando se faz o diagnóstico de asma, frequentemente se encontram outros asmáticos entre os pais, avós, tios e irmãos. Estudos demonstram que diversos genes estão envolvidos na patogenia da doença”, disse Campos.

Segundo o Relatório Global da Asma de 2018, a asma mata cerca de mil pessoas todos os dias e afeta até 339 milhões de pessoas – e a prevalência está aumentando. Já no Brasil, atinge 6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos, segundo Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). As mulheres são as mais acometidas pela doença: cerca de 3,9 milhões delas afirmaram ter diagnóstico da enfermidade contra 2,4 milhões de homens, ou seja, prevalência de 39% a mais entre o sexo feminino.

O traço genético da asma é o responsável pela impossibilidade de “cura”, exatamente como na hipertensão arterial, diabetes e outras doenças geneticamente determinadas. No entanto, frequentemente, quando a asma é leve na infância, em 50% dos casos ela desaparece na puberdade. “Isso independe de ter ou não sido tratada adequadamente e, provavelmente, está relacionada às alterações hormonais que acontecem nessa idade. Em parte dessas pessoas nas quais os sintomas da asma desapareceram, eles ressurgem na idade adulta”, esclareceu Hisbello.

Medicamentos e mudanças no ambiente ajudam a controlar a asma

Marise Amaral, de 54 anos, é secretária da Associação Brasileira de Asmáticos (Abra/SP) e sofre com a doença que foi desencadeada por um episódio psicológico. Ela conta que o primeiro episódio com a asma foi aos 25 anos após uma depressão pós-parto. “Tive uma crise de ansiedade muito forte e desencadeou minha primeira crise, que foi gravíssima”, afirma a Secretária. Marise já tinha um agravante, a rinite, uma irritação e inflamação da membrana mucosa no interior da cavidade nasal. “A rinite era muito forte desde a adolescência. Ela foi se agravando e quando tive meu primeiro filho juntou a ansiedade com a rinite descompensada e desencadeou uma crise forte. O médico na época queria até me entubar, mas eu recusei, por causa do meu filho recém-nascido. No dia tomei uma medicação de forte e comecei um tratamento especial”, relembra.

O medicamento associado às mudanças no ambiente ajudaram Marise a manter a asma sob controle. “Morava em uma casa pouco ventilada e com carpete, tive que mudar isso. Não uso quase roupa de lã. Uso uma medicação preventiva, que o SUS libera, constantemente, mas só isso não impede que eu tenha crise. Quando sinto que vou ter uso a medicação, tento me acalmar e fazer algumas manobras respiratórias que me ajudam controlar a asma. Claro que tem um ponto da crise que é necessário atendimento médico”, explica.

Saiba como é feito o tratamento da asma

O objetivo do tratamento da asma é melhorar a qualidade de vida da pessoa, por meio do controle dos sintomas e pela melhora da função pulmonar. O tratamento medicamentoso, que está disponível no Sistema Único de Saúde, é realizado junto com medidas educativas e de controle dos fatores que podem provocar a crise asmática.

A definição do tratamento é feita a partir dos sintomas, do histórico clínico e da avaliação funcional conforme cada caso. São utilizados medicamentos para alívio rápido dos sintomas e para manutenção do controle da crise.

A base do tratamento da asma persistente é o uso continuado de medicamentos com ação anti-inflamatória, também chamados controladores, sendo os corticosteroides inalatórios (bombinha) os principais. Pode-se associar também medicamentos de alívio, com efeito broncodilatador.

Em todos os casos, é preciso reduzir a exposição aos fatores desencadeantes e agravantes da asma. A cada consulta, o paciente deve receber orientações para o autocuidado – identificação precoce dos sintomas, como proceder em caso de crise, controle e monitoramento da asma -, e ser agendado para reconsulta conforme a gravidade apresentada.

O SUS fornece tratamento desde 2011 aos asmáticos por meio do Programa Farmácia Popular. Medicamentos como brometo de ipratrópio, dirpoprionato de beclometasona e sulfato de salbutamol podem ser obtidos gratuitamente, sempre apresentando o CPF e da receita médica.

A maior concentração de ácaros é encontrada nos travesseiros e camas, estofados, bichos de pelúcia, carpetes, estantes de livros e cortinas. Por isso, é importante que esses locais estejam sempre limpos, principalmente onde o alérgico passa a maior parte do seu tempo. Essas medidas simples de limpeza são primordiais para que os asmáticos não tenham crises constantes.

Classificação da gravidade da asma

A asma tem diferentes graus de gravidade, que podem evoluir ou regredir. O grau mais brando tem sintomas leves e com pausa. Manifesta-se em até dois dias por semana e até duas noites por mês. Ela pode evoluir até a um grau 4, onde ocorrem sintomas graves persistentes ao longo do dia, frequentemente durante a noite e várias vezes por semana.

Luiza Tiné, para o Blog da Saúde

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