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Vera Cruz: Exclusiva entrevista com o Secretário de Saúde Municipal

O site Visão Cidade entrevistou o Secretario de Saúde do município de Vera Cruz o Doutor António Sérgio Marques Pinto onde falou sobre assuntos pertinentes e de grande importância para todos os munícipes e esclareceu algumas duvidas de muitos, com sua demostração e empenho em transformar a saúde municipal em uma das mais atuantes para dar um atendimento de qualidade para todos os munícipes.

VC. Como foi encontrada a Secretária de Saúde Municipal?

R. Encontramos a Secretaria de Saúde bastante desorganizada e desestruturada, tanto em sua estrutura física quanto em relação ao corpo técnico.
Faltavam médicos em algumas unidades de saúde da família, o número de equipes de saúde bucal reduzido, sem acompanhar o quantitativo de equipes de saúde da família do município (o que é preconizado pelo Ministério da Saúde). Das 6 equipes de saúde bucal que estavam em funcionamento apenas duas estavam funcionando plenamente, as demais com cadeiras odontológicas e diversos equipamentos médico-odontológicos quebrados. O CEO desativado com equipamentos sucateados.
Podemos observar que houve no passado um enfraquecimento da atenção primária, que é responsável pela resolutividade de mais de 80% dos casos de enfermidades. A atenção básica é de grande importância pois trata principalmente a prevenção da saúde.
Mas o descaso também foi encontrado na média e alta complexidade. A UPA estava com a central de gás com vazamentos, cerca de 90% dos aparelhos de ar-condicionado quebrados, ausência de profissionais essenciais, como nutricionista para cuidar da dieta de pacientes que lá estavam internados, farmacêutico, coordenador médico, dentre outros.
Faltavam equipamentos importantes como respirador, diversos equipamentos quebrados e com falta de manutenção; podemos constatar que não havia no passado uma empresa responsável pela manutenção corretiva desses equipamentos.
Material de limpeza e alimentos eram acondicionados juntos no mesmo depósito que se encontrava em situação precária.
A frota da secretaria de saúde sucateada na garagem. Ambulâncias da UPA e SAMU quebradas e com as revisões atrasadas.
• Pudemos observar também a ausência de participação do município em alguns programas que estão sendo implantados somente agora mas que já fazem parte do cardápio de ofertas do SUS à tempos, como o Programa de Atenção Domiciliar e NASF. Além de perdas de recurso geradas pela gestão anterior e que infelizmente teremos de arcar com os prejuízos em nossa gestão, como no PMAQ (Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade) onde houve uma diminuição de adesão das unidades, justamente pela falta de profissionais no Programa de Saúde da Família. A adesão ocorreu em 2015 e teremos esse déficit até o final de 2018, quando finda o atual ciclo do programa.

VC. Qual a quantidade dos postos de saúde é se estão todos em pleno funcionamento?

R. Hoje temos na atenção primária 12 equipes de saúde da família, sendo 7 delas com equipe de saúde bucal e mais 6 postos satélites, em comunidades mais isoladas.
Todos os estabelecimentos estão funcionando de forma plena conforme o tipo de equipe em que se encontram cadastrados.
Quando assumimos tínhamos 11 equipes de saúde da família cadastradas e 6 de saúde bucal.

VC. Medicamentos estão sendo entregue regulamente no município?

R. Estamos realizando o abastecimento das nossas unidades de forma contínua.
Os medicamentos são de responsabilidade de três esferas, governos federal, estadual e municipal. O governo federal faz o repasse fundo a fundo para o município, o estadual nos disponibiliza medicamentos de forma trimestral, porém tanto o repasse federal quanto o municipal não são suficientes para manter o abastecimento do município, pois hoje a população cadastrara que é calculado os valores de repasse é de aproximadamente de 44mil habitantes e hoje estima-se uma população de Vera Cruz superior a 50 mil habitantes, também trata-se de um município de veraneio recebemos os impactos da sazonalidade e com o fechamento da farmácia popular do Brasil já observa-se impactos da migração de uma parcela da população de tinha seus medicamentos atendidos gratuitamente e algumas vezes também adquiriam a um preço menos custoso. Principalmente a população de aquisição de medicamentos para doenças crônicas e saúde mental. Com a municipalização da saúde a responsabilidade dos gestores locais com medicamentos são crescente impacto em maiores investimentos municipais.
Modificamos o esquema de distribuição de medicamentos utilizados anteriormente para abastecimentos quinzenais de maneira a evitar o desabastecimento total de nossas unidades e garantir o um melhor acesso aos medicamentos para nossos munícipes.
Estamos informatizando as farmácias de todas as nossas unidades de saúde para fazer um controle mais eficaz na distribuição e controle de estoque dos medicamentos, assim como fornecer informações e relatórios que dão subsídios para seleção, programação e aquisição em ambiente de gestação da assistência farmacêutica e além disso garantir aos usuários um atendimento individualizado com registros únicos dentro da nossa rede de atendimento.
Em relação ao Centro de Abastecimento Farmacêutico estamos trabalhando com estoque para 2 meses, devido a irregularidade de abastecimento dos fornecedores já que o país enfrenta dificuldade com a crise e os fornecedores tem tido dificuldade de entregar todo a nossa compra na totalidade e alguns fornecedores também são de outros estados que também é um fator limitante para o tempo de abastecimento. Essa dificuldade com os fornecedores não é um problema isolado de Vera Cruz e sim geral do nosso país.

VC. Qual a cobertura da atenção básica do município e está com a sua capacidade total em funcionamento?

R. Todas as unidades estão em pleno funcionamento como relatei anteriormente.
Todo o município tem acesso aos atendimentos seja na atenção primária ou média-alta complexidade.
Há um déficit no número de agentes comunitários de saúde e agente de endemias que herdamos da gestão passada. Estamos em processo já de remapeamento do município para que possamos suprir essas vagas o mais rápido possível.
Porém mesmo assim as microáreas que estão com falta de agente são atendidas por nossa equipe.

VC. Os Atendimentos de Alta complexidade como estão sendo feitos aos munícipes?

R. De acordo com a pactuação, os atendimentos de alta complexidade são realizados nos municípios pactuados, como Salvador e Santo Antônio de Jesus.
Para garantir o atendimento, o município dispõe do Programa de Tratamento fora do município, garantindo a adesão ao tratamento.

VC. O atendimento da SAMU e UPA como tem sido essa cobertura?

R. O atendimento do SAMU é feito através de 02 unidades móveis básicas e uma avançada.
Fizemos a adequação da equipe dessas unidades. Conseguimos ampliar a frota com mais uma equipe básica. Os casos graves são direcionados para o HGI e os básicos para UPA ambos orientados pelo médico regulador da central 192.
Vale a pena salientar que a central do SAMU é em Salvador e não em Vera Cruz como muitos pensam. Ao ligar para o 192, o usuário é atendido pela equipe de saúde da central que vai passar a demanda para nossa equipe liberando o atendimento de acordo com a gravidade da ocorrência.
A UPA realiza o atendimento na própria unidade. Em casos de situações graves, ocorre a regulação (transferência) para os hospitais mais próximos da região e que dispõem de recursos adequados para o atendimento daquele paciente.
Hoje nossa UPA tem uma média aproximada de 120 atendimentos durante o dia, porém há dias em que ultrapassamos 150 atendimentos.
Ampliamos esse ano o número de consultórios médicos, contratamos pediatras, já que identificamos que grande parte dos pacientes que procurava o serviço eram crianças.
Hoje nossa UPA é referencia na região, atendendo não apenas pacientes procedentes do município de Vera Cruz, mas também Itaparica, Salvador, dentre outros.

VC. O hospital como tem sido o atendimento, recebendo as demandas dos dois municípios?

R. O hospital encontra-se fechado para reforma. Como todos sabem ao iniciarmos as intervenções para reforma da unidade foi detectado o comprometimento da lage, o que colocava em risco pacientes e profissionais.

VC. O que tem sido realizado a curto prazo e o que se espera para médio e longo prazo para a saúde no município?

R. Realizamos a reestruturação dos serviços em todas as áreas. Primeiramente realizamos o provimento dos profissionais que faltavam no quadro. Só de médicos para atenção básica foram 5 novas contratações. Temos realizados diversas capacitações, tanto na atenção básica quanto UPA e SAMU, para que nossos munícipes sejam bem acolhidos nos serviços de saúde e com um atendimento qualificado.
Valorizamos nossos profissionais da atenção básica com a formulação de uma nova lei de rateio de parte do recurso do PMAQ, onde todos os funcionários que atuam no programa de saúde da família aderidos ao PMAQ estão sendo comtemplados.
Implantamos o Progama Melhor em Casa, onde uma equipe multiprofissional realiza atendimento de pacientes acamados e/ou domiciliados de domingo a domingo.
Estamos implantando agora o NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) onde outra equipe multiprofissional estará realizando apoio matricial as equipes de Saúde da Família, identificando a especificidade de cada comunidade do município e agindo para promover a saúde de diversos grupos.
Realizamos ampliação do consultório médico da UPA, contratamos pediatras, ampliamos o número de unidades do SAMU como já relatei anteriormente.
Estamos fazendo rotineiramente ações de prevenção da saúde tanto nas escolas (em parceria com a Secretaria de Educação) quanto na comunidade.
Já conectamos as nossas unidades a rede de internet e estamos em breve informatizando todas às unidades com prontuário eletrônico.
Já estamos oferecendo serviços de oftalmologia e ultrassom.
Estaremos reabrindo, num futuro próximo, o Centro de Especialidades Odontológicas, expandindo também as equipes de saúde bucal do município; ampliando leitos de algumas alas da nossa UPA, para agilizar o atendimento dos pacientes;
O Hospital em breve será reinaugurado com centro cirúrgico funcionando e diversas especialidades e novidades, como a já anunciada já pelo prefeito Marcus Vinicius, a aquisição de um mamógrafo.
Queremos uma saúde de qualidade para o município. Sabemos das dificuldades devido ao subfinanciamento da saúde no nosso país. Recentemente tivemos a PEC 55 aprovada onde o governo federal congela investimentos na saúde e educação por 20 anos. Mas temos a certeza que com bons projetos e o investimento dos recursos de forma correta iremos fazer uma saúde eficaz para os munícipes.

VC. O que fazer para terminar com a demanda de transferências constantes do pacientes para outros municípios por falta de especialistas?

R.A rede de saúde do município está sendo reformulada, através da reforma do Hospital Municipal que estava fechado a muitos anos, e que foi reaberto apenas como um Centro de Parto Natural. Com a reabertura do hospital ofertaremos algumas especialidades, o que irá reduzir a transferência dos pacientes para outros municípios.
Porém existem alguns exames, procedimentos ou serviços que não temos como oferecer. Nesses casos encaminhamos para o nosso município executor, na maioria das vezes Salvador.

VC. Consultas com especialidades nos postos de saúde é uma deficiência o que está sendo feito para a mudança deste fato?

R. Não podemos confundir os programas de saúde. Nossos postos de saúde são de atenção primária, atenção básica, Programa de Saúde da Família. Não há especialidades na Unidade de Saúde da Família. Lá temos uma equipe caracterizada multiprofissional instituída pela PNAB (Política Nacional de Atenção Básica). Na PNAB os profissionais que devem constar na atenção básica são: médico clínico, enfermeiro, e técnicos de enfermagem. Caso a unidade seja cadastrada com equipe de saúde Back acrescentamos o cirurgião dentista e o técnico em saúde bucal.
As especialidades são referenciadas pelo atendimento primário. Há um fluxo a seguir. O médico clínico ele está apto ao atendimento de todas as enfermidades, quando há necessidade ele irá referenciar o paciente ao especialista.
Teremos sim em breve nossas especialidades no local correto que é o Hospital Municipal Maria Amélia.

VC. Quantos atendimentos é feito nos postos de saúde por mês no município?

R. Hoje temos uma boa média Mensal no número de atendimentos em nossas 18 unidades básicas. Temos cerca de 2.700 atendimentos médicos por mês, 4.000 atendimentos de enfermagem e 1.500 atendimentos odontológicos.
UPA temos uma média de 3.600 atendimentos mensais e o SAMU cerca de 100 ocorrências atendidas.

VC. Quem é o Secretário de Saúde e o seu alvo e perspectivas para melhorar a saúde no município? Deixe a sua mensagem.

R. Sou cirurgião dentista de formação, tenho pós graduação na área de gestão em saúde e experiência em saúde pública a quase 11 anos.
Tive a oportunidade de trabalhar e gerir diversas áreas como Saúde Bucal, Atenção Básica, Vigilância Sanitária e também a pasta de Secretário de Saúde em outro município.
Acredito no Projeto de gestão do Prefeito Marcus Vinicius, que tem mostrado desde o início a vontade de fazer uma nova história em Vera Cruz. Temos uma equipe muito competente e qualificada na Secretaria de Saúde, sabemos da dificuldade de fazer saúde pública frente ao subfinanciamento, mas acreditamos na nossa fórmula e na nossa capacidade de melhorar os serviços do município.
O objetivo da gestão é melhorar a saúde da nossa população, confirmando o que está correto, modificando o errado e construir o novo!

Visão Cidade

 

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